domingo, 20 de julho de 2025

Patrulha Sem Nome


 O estilo intimista do diretor Keith Gordon (mesmo do romance “Amor Maior Que A Vida”, com Jennifer Connelly) é um tanto quanto avesso à simplismos e redundâncias. Daí ser notável a mudança brusca de tom que ele não tarda a promover neste curioso drama da Segunda Guerra Mundial, colocando-o como uma presença inesperadamente fascinante em meio à tantas produções explosivas do filão.

“A Patrulha Sem Nome” –ou “A Midnight Clear”, no original –inicia-se em 1944, nas trincheiras gélidas entre as fronteiras da Noruega e da Bélgica. O soldado Mother Wilkins (Gary Sinise, antes da aclamação por “Forrest Gump”) tem um surto –descobriu, dois dias antes que se tornou pai e, diante do perigo da guerra, pode não voltar para conhecer o filho –o que leva-o a ser visto com certa cautela por todo o resto do esquadrão. Tal esquadrão, contudo, não é dos mais numerosos: Devido a uma série de circunstâncias militares peculiares e de outros contratempos, eles se resumem em seis –além de Mother, o comandante, Sargento Will Knott (Ethan Hawke), que pela aparência jovial pouca impressão passa de líder; o austero e virtuoso Father Mundy (Fran Whaley, de “Career Opportunities”); o exemplo de soldado em combate, Cabo Avakian (Kevin Dillon, de “Platoon”); o bem-apessoado e cabeça-oca Bud Miller (Peter Berg); e o irrequieto e astuto Stan Shutzer (Arye Gross, de “Minority Report-A Nova Lei”). O grupo –que, à essas alturas do conflito, se tornaram grandes amigos –é designado para uma missão aparentemente banal: Seguir até um entreposto longínquo nas montanhas gélidas e abarrotadas de neve, uma casa abandonada, e lá montar guarda, vigiando toda e qualquer atividade nazista que, por ventura, perceberem na região.

Todavia, o que se sucederá é inusitado. Atividade nazista existe, sim, no entanto, os soldados alemães (ao que tudo indica de um esquadrão diminuto e largado ao léu pelos superiores, como o deles) não parecem nem um pouco interessados em dar continuidade ao conflito ou a seguir ordens superiores, quaisquer que sejam, eles estabelecem contato que, ao longo dos dias que se seguem (e das situações um tanto curiosas que se sucedem), tudo indica ser amistoso!

Aqueles alemães sabem que o desfecho da guerra será amargo, e querem se render aos americanos o quanto antes. Todos, porém, vão descobrir que, mesmo diante de uma predisposição pacífica de ambos os lados, todos vivenciam, com a guerra, uma circunstância delicada que os deixa à beira da barbárie.

Sem adentrar trechos mais complexos que essa improvável premissa desenvolve –até para não revelar algumas surpresas –este notável trabalho de Keith Gordon, adaptado do livro de William Wharton, tece um delicado conto sobre empatia e sobre as lamentáveis engrenagens da hierarquia, concebendo uma trama que não parece enfatizar a guerra em si –embora muitos dos expedientes característicos dos filmes de guerra estejam todos lá –mas, sim exprimir, não sem uma certa ironia, uma mensagem de paz.

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