sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Platoon

Dentre todos os grandes cineastas americanos que se aventuraram a falar sobre o Vietnam, Oliver Stone tinha um diferencial: Ele serviu como soldado nas trincheiras do lugar.
Assim como em “O Pianista”, de Roman Polanski –que extrai muito da autenticidade de sua narrativa do fato de seu diretor ter conhecido a fundo as experiências registradas pela câmera –“Platoon”, de Oliver Stone, é então uma busca paulatina pela verdade, na qual o realismo surge caracterizando sua história, e permitindo, por meio dela, que todo um novo gênero cinematográfico, e toda uma nova forma de abordar um drama de guerra apareça ali.
É verdade que Michael Cimino já havia abordado a questão de forma admirável (e largamente premiada) em seu “O Franco-Atirador”, e nem se fala então de Francis Ford Coppola e seu magistral “Apocalypse Now” –bem mais alegórico e surreal do que a abordagem adotada por Stone (vale lembrar que no ano seguinte, 1987, o mestre Stanley Kubrick daria também sua contribuição com a irônica e fria obra-prima, “Nascido Para Matar”).
Mesclando um estilo algo revolucionário à época, onde o relato fictício ganhava uma poderosa roupagem documental, Oliver Stone acompanha a trajetória de Chris Taylor (um ainda jovem e promissor Charlie Sheen –que, por forças de uma irônica referência cinematográfica, é filho de Martin Sheen, o protagonista de “Apocalypse Now”), ingênuo estudante americano que, insulflado pelo patriotismo, abandona a faculdade e alista-se para a Guerra do Vietnam.
Na fronteira do Camboja, ele descobre que precisa se equilibrar entre dois conflitos simultâneos: o ataque e a defesa do inimigo vietcongue, e as brigas internas dentro do próprio pelotão americano.
Cujos antagonismos ideológicos aparecem representados por dois sargentos de índole quase oposta: O racional e austero Elias (Willem Dafoe, formidável), e o truculento e irascível Barnes (Tom Berenger, perfeito).

Com base nessas poderosas e brutais memórias que o diretor Oliver Stone vivenciou quando combateu no Vietnam (os personagens, ele afirma, são todos inspirados em pessoas que ele conheceu), é um filme até certo ponto anti-militarista, autêntico na crueza com que retrata os horrores da guerra, algo seguido, por diversos filmes depois, em especial ao abordar o conflito do Vietnam.

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