Dentre todos os grandes cineastas americanos
que se aventuraram a falar sobre o Vietnam, Oliver Stone tinha um diferencial:
Ele serviu como soldado nas trincheiras do lugar.
Assim como em “O Pianista”, de Roman Polanski –que
extrai muito da autenticidade de sua narrativa do fato de seu diretor ter
conhecido a fundo as experiências registradas pela câmera –“Platoon”, de Oliver
Stone, é então uma busca paulatina pela verdade, na qual o realismo surge
caracterizando sua história, e permitindo, por meio dela, que todo um novo gênero
cinematográfico, e toda uma nova forma de abordar um drama de guerra apareça
ali.
É verdade que Michael Cimino já havia abordado
a questão de forma admirável (e largamente premiada) em seu “O Franco-Atirador”,
e nem se fala então de Francis Ford Coppola e seu magistral “Apocalypse Now” –bem
mais alegórico e surreal do que a abordagem adotada por Stone (vale lembrar que
no ano seguinte, 1987, o mestre Stanley Kubrick daria também sua contribuição
com a irônica e fria obra-prima, “Nascido Para Matar”).
Mesclando um estilo algo revolucionário à época,
onde o relato fictício ganhava uma poderosa roupagem documental, Oliver Stone
acompanha a trajetória de Chris Taylor (um ainda jovem e promissor Charlie
Sheen –que, por forças de uma irônica referência cinematográfica, é filho de
Martin Sheen, o protagonista de “Apocalypse Now”), ingênuo estudante americano
que, insulflado pelo patriotismo, abandona a faculdade e alista-se para a
Guerra do Vietnam.
Na fronteira do Camboja, ele descobre que precisa
se equilibrar entre dois conflitos simultâneos: o ataque e a defesa do inimigo
vietcongue, e as brigas internas dentro do próprio pelotão americano.
Cujos antagonismos ideológicos aparecem
representados por dois sargentos de índole quase oposta: O racional e austero
Elias (Willem Dafoe, formidável), e o truculento e irascível Barnes (Tom
Berenger, perfeito).
Com base nessas poderosas e brutais memórias
que o diretor Oliver Stone vivenciou quando combateu no Vietnam (os
personagens, ele afirma, são todos inspirados em pessoas que ele conheceu), é
um filme até certo ponto anti-militarista, autêntico na crueza com que retrata
os horrores da guerra, algo seguido, por diversos filmes depois, em especial ao
abordar o conflito do Vietnam.
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