sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ela Matou em Êxtase

Jess Franco é um diretor complicado. Após todos esses anos, seus trabalhos (que alguns afirmam, chegam na casa dos duzentos!!!) ganharam aquela aura cult de "ame ou odeie".
É difícil avaliar seus trabalhos da forma como se avaliaria um filme normal: Eles são precários, às vezes rudimentares, muitas vezes feitos na base do improviso -e isso é perceptível -e o próprio Jess Franco não fazia muita questão de disfarçar essas características.
O diretor espanhol era, mais ou menos, como uma mistura de Mario Bava com Teri Gillian, com uma propensão muito maior para a nudez e o sexo, a partir de um determinado momento da carreira.
Para falar de Jess Franco, e deste filme em particular, "Ela Matou em Êxtase", é necessário falar de outro nome também: Soledad Miranda.
Apesar de que nos créditos deste filme ela aparecer com o nome de Suzan Korda (e isso se repete em outros trabalho dos dois...). Soledad Miranda morreu num acidente de carro aos vinte e poucos anos, deixando uma legião de cultuadores. Dela e dos filmes que realizou.
O impacto de sua morte é, de uma certa forma, sentido na obra de Jess Franco, que depois, acabou por encontrar uma outra atriz que tentou (em vão) preencher a lacuna de Soledad, a muito mais exibicionista e carregada de histrionismos (ainda que bela!) Lina Romay.
Mas, essa é uma outra história...
"Ela Matou em Êxtase" acompanhada a história ligeiramente fora da realidade (uma característica estranhamente coerente na obra de Franco) da esposa de um médico, cujas experiências ilegais com embriões humanos lhe custam a licença para exercer e função e, mais tarde, a própria vida, já que ele se suicida em decorrência ao, vamos dizer, choque!
O quê vemos em seguida é sua viúva (Soledad) seduzindo e enredando um a um dos membros da junta médica responsáveis pela expulsão de seu marido, e matando-os, com requintes de crueldade (há, inclusive, uma mulher entre essas vítimas!).
Durante seus primeiros filmes, Jess Franco até tentou ser um diretor sério, mas o pendor para o terror, daqueles mais poeiras possíveis, insistia em aparecer, sobretudo por que, no período em que produziu filmes, ele enfrentou a censura militar na Espanha. As fases de sua carreira, assim, são definidas por filmes e parcerias que o conduzem a obras cada vez mais iconoclastas, subversivas e rasteiras.
"Ela Matou em Êxtase" não é um exemplo de bom cinema. Não há um pingo de originalidade na trama, e nem oferece algo relativamente novo, mas é intrigante e envolvente, por razões que não dá para explicar.
Soledad Miranda possui um carisma desigual, além de ser linda e aparecer nua em diversas cenas (e esse comentário é valido para todos os filmes que ela fez com Franco!), e o próprio Jess Franco equilibra momentos de um diretor inspirado de verdade, com sacadas em que você se pergunta o quê, diabos, ele estava pensando?!
Ao avaliar sua obra, dada como maldita por um bom tempo, era inevitável que ele virasse cult.
Dizem que o melhor filme que ele fez com Soledad Miranda foi "Vampyros Lesbos", que eu ainda tenho de conferir. Mas quero deixar aqui o meu registro acerca desse intrigante diretor: tudo em seu trabalho aparenta ser reprovável em termos técnicos e cinematográficos, mas... a soma de suas partes resulta em algo diferente e interessante que não dá pra explicar, e que o torna... notável!
Acho que minha história com Jess Franco ainda não acabou. Aguardaremos os próximos filmes...

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