Jess Franco é um diretor complicado. Após todos
esses anos, seus trabalhos (que alguns afirmam, chegam na casa dos duzentos!!!)
ganharam aquela aura cult de "ame ou odeie".
É difícil avaliar seus trabalhos da forma como
se avaliaria um filme normal: Eles são precários, às vezes rudimentares, muitas
vezes feitos na base do improviso -e isso é perceptível -e o próprio Jess
Franco não fazia muita questão de disfarçar essas características.
O diretor espanhol era, mais ou menos, como uma
mistura de Mario Bava com Teri Gillian, com uma propensão muito maior para a
nudez e o sexo, a partir de um determinado momento da carreira.
Para falar de Jess Franco, e deste filme em
particular, "Ela Matou em Êxtase", é necessário falar de outro nome
também: Soledad Miranda.
Apesar de que nos créditos deste filme ela
aparecer com o nome de Suzan Korda (e isso se repete em outros trabalho dos
dois...). Soledad Miranda morreu num acidente de carro aos vinte e poucos anos,
deixando uma legião de cultuadores. Dela e dos filmes que realizou.
O impacto de sua morte é, de uma certa forma,
sentido na obra de Jess Franco, que depois, acabou por encontrar uma outra atriz
que tentou (em vão) preencher a lacuna de Soledad, a muito mais exibicionista e
carregada de histrionismos (ainda que bela!) Lina Romay.
Mas, essa é uma outra história...
"Ela Matou em Êxtase" acompanhada a
história ligeiramente fora da realidade (uma característica estranhamente
coerente na obra de Franco) da esposa de um médico, cujas experiências ilegais
com embriões humanos lhe custam a licença para exercer e função e, mais tarde,
a própria vida, já que ele se suicida em decorrência ao, vamos dizer, choque!
O quê vemos em seguida é sua viúva (Soledad)
seduzindo e enredando um a um dos membros da junta médica responsáveis pela
expulsão de seu marido, e matando-os, com requintes de crueldade (há,
inclusive, uma mulher entre essas vítimas!).
Durante seus primeiros filmes, Jess Franco até
tentou ser um diretor sério, mas o pendor para o terror, daqueles mais poeiras
possíveis, insistia em aparecer, sobretudo por que, no período em que produziu
filmes, ele enfrentou a censura militar na Espanha. As fases de sua carreira,
assim, são definidas por filmes e parcerias que o conduzem a obras cada vez
mais iconoclastas, subversivas e rasteiras.
"Ela Matou em Êxtase" não é um
exemplo de bom cinema. Não há um pingo de originalidade na trama, e nem oferece
algo relativamente novo, mas é intrigante e envolvente, por razões que não dá
para explicar.
Soledad Miranda possui um carisma desigual,
além de ser linda e aparecer nua em diversas cenas (e esse comentário é valido
para todos os filmes que ela fez com Franco!), e o próprio Jess Franco
equilibra momentos de um diretor inspirado de verdade, com sacadas em que você
se pergunta o quê, diabos, ele estava pensando?!
Ao avaliar sua obra, dada como maldita por um
bom tempo, era inevitável que ele virasse cult.
Dizem que o melhor filme que ele fez com
Soledad Miranda foi "Vampyros Lesbos", que eu ainda tenho de
conferir. Mas quero deixar aqui o meu registro acerca desse intrigante diretor:
tudo em seu trabalho aparenta ser reprovável em termos técnicos e cinematográficos,
mas... a soma de suas partes resulta em algo diferente e interessante que não
dá pra explicar, e que o torna... notável!
Acho que minha história com
Jess Franco ainda não acabou. Aguardaremos os próximos filmes...
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