domingo, 20 de março de 2016

Lobo Samurai

Influenciado (com evidência notável desde seus primeiros frames) pelo faroeste spaghetti, este eletrizante e envolvente trabalho do escolado diretor Hideo Gosha é, em si, uma pequena pérola: É sabido e perceptível (além de objeto para infindáveis estudos cinéfilos), o modo como os filmes de samurai do Japão dialogam com os filmes de faroeste de Hollywood.
O quê Hideo Gosha fez, foi buscar referências distintas nesse outro subgênero e saiu-se com um filme sensacional.
Acompanhamos um samurai desgarrado chegando em uma pequenina aldeia na qual não tarda a envolver-se nos conflitos locais, que incluem duas facções que disputam o reconhecimento como mensageiros da região, e uma linda mulher cega, por quem ele se apaixona.
A forma inteligente e inspirada com que Gosha conduz sua narrativa respeita não só as tradições de filmes chambara, mas carrega elementos que foram popularizados por Sergio Leone e Sergio Corbucci: o close nos rostos suados; o emprego incomum, porém prático, da trilha sonora; as sacadas visuais carregadas de significados; o uso criativo do som e da montagem nas cenas de duelos –leia-se aqui, lutas de espadas –e a condução pensada e planejada da trama em torno da pouca confiabilidade dos personagens, mas sempre visando o paradigma fundamental do gênero, que é o duelo culminante dos dois antagonistas principais. Um momento, aliás, que neste filme, alcança instantes de grandeza cinematográfica.

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