domingo, 20 de março de 2016

A Breve Noite das Bonecas de Vidro

Mais um ‘giallo’ bastante desigual, esta obra de Aldo Lado chama a atenção por ser muito referencial a trabalhos mais recentes e norte-americanos que vieram depois.
A começar pela trama do homem considerado morto, achado caído no gramado de um parque bucólico e levado ao hospital e de lá, para o necrotério. O homem, porém, não morreu, como atesta a sua narrativa em off, que presencia tudo o que acontece a sua volta sem que nada possa fazer. É uma atmosfera imediatamente intrigante que isso cria, e lembra muito o filme “Awake-A Vida Por Um Fio”, estrelado por Jessica Alba e Hayden Christensen. Teria o filme americano se inspirado no ‘giallo’ italiano? Difícil saber.
De qualquer forma, prosseguindo na trama, o suposto “cadáver”, como forma de não enlouquecer diante da sua condição angustiante, ele começa a relembrar, deliberadamente os acontecimentos que o levaram até lá. Incluindo o desaparecimento misterioso de sua namorada, e sua obcecada investigação que parece menosprezada por todos.
Uma das sequencias finais culmina numa cena de orgia, ou coisa assim, que muito é relacionada com “De Olhos Bem Fechados”, de Kubrick. De novo, é também muito difícil dizer se essa similaridade é ou não proposital.
É bastante original o modo como “A Breve Noite das Bonecas de Vidro” se desenvolve. Não fosse seus defeitos bastante pertinentes (o relaxo tremendo na direção de atores, a falta de polimento quase rudimentar de seu roteiro) esse seria um dos filmes mais cultuados desse subgênero.
Digno de nota é o seu epílogo, fatalista e sem concessões, no qual Aldo Lado se revela ainda mais corajoso do que Daria Argento, considerado o mestre do ‘giallo’, e o normalmente macabro Mario Bava, mas que em geral não abriam mão de finais ocasionalmente felizes para suas histórias.

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