Em meio a Guerra de Secessão, três pistoleiros
errantes e absolutamente a margem da lei, tentam passar a perna um no outro
para conseguir para si uma fortuna em moedas de ouro escondida numa caixa e
enterrada num cemitério cuja localização eles sabem apenas em parte. Assim pode
ser resumido este que é mais um exemplo do estilo magnífico com o qual o mestre
Sergio Leone molda cenas de duelo e tensão.
Fã assumido de Akira Kurosawa e de John Ford
(como o próprio Kurosawa também o era), sua visão do faroeste é uma
reformulação do que os americanos fizeram com o gênero por décadas tornando-o
clássico.
E dessa visão, todo um novo sub-gênero nasceu,
prolífico, pulsante e vibrante durante todas as décadas de 1960 e 70: O
faroeste-spaghetti.
Leone cria universos de tempo dilatado e faces
calejadas e suadas onde os closes nos olhos levam a revelações por vezes significativas
nos desdobramentos das cenas, de tiroteio inclusive, e de quem seus personagens
são: No caso, o Bom (ou Loirinho!) é um pistoleiro sem nome, relativamente
confiável e bom no gatilho, cuja figura encontra em Clint Eastwood uma
personificação que lhe beira a perfeição, seu eventual parceiro é o Feio (ou
Tuco) larápio enganador e fugitivo, vivido por Eli Wallach, cuja a gorda
recompensa, a dupla muitas vezes retira, de cidade em cidade, fazendo-se passar
por perseguidor e cativo, para em seguida fugir com o dinheiro. Por sua vez, o
Mau (ou Olhos de Anjo) é um pistoleiro mais inescrupuloso, age como assassino
profissional na fronteira, executando indivíduos aleatoriamente para quem lhe
pagar mais, e de vez em quando, disfarçando-se de Oficial Confederado. E é interpretado
com toda a fleuma e presença pelo calejado especialista em bandidos durões, Lee
Van Cleef. Em meio aos contratempos da Guerra Civil Norte-Americana, essas três
figuras enganam-se e aliam-se sucessivamente para tentar botar a mão na tal
caixa cheia de dinheiro enterrada no tal cemitério. Um plot que poderia
perfeitamente soar banal, mas que é tratado por Leone como aquilo que realmente
é: Um pretexto, elaborado com equilíbrio entre o humor e a seriedade, para que
por meio dele sejam executadas cenas brilhantemente pensadas e
cinematograficamente soberbas, assimetricamente calibradas em sua linguagem
visual e climatizadas com singularidade pela inesquecível trilha sonora de
Ennio Morricone.
Este filme é um exemplo do
trabalho de um mestre ao exercer sua arte.
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