quinta-feira, 23 de março de 2017

A Jugular Blindada

Quem viveu a época das videolocadoras de fitas de VHS sabe perfeitamente que existem filmes que não chegaram (e talvez jamais venham a chegar) ao lançamento de DVD.
Há invariavelmente aqueles títulos que se perdem na transição de uma mídia para outra –assim como existem os filmes perdidos quando o cinema começou a ser transferido para o próprio VHS, e assim por diante.
Um filme daquele período que resgato da memória é um pequeno épico de artes marciais assinado pelo grande John Woo, o arcaico, caricato e divertido “A Jugular Blindada”.
A trama segue as desventuras de Kao Pang (Lau Kong) cuja noite de núpcias é convertida num pesadelo, cortesia de seu inimigo, Pak Chung Tong (Lee Hoi-San).
Ele consegue escapar, ainda que ferido, passando em seguida a tramar sua vingança: Desacreditar Pak Chung Tong que acredita ser o melhor lutador levando-o a um confronto com o espadachim alcoólatra e mercenário Tsing Yi (Damian Lau), para tanto, Kao inicia uma amizade com Chang San (Wei Pai), capaz de intermediar sua negociação com Tsing Yi.
Não sem antes criar uma conspiração na qual testará as capacidades de Chang levando-o a enfrentar o guerreiro Pray (Fung Hak-On, também ele coreógrafo de lutas do filme).
Essa trama aparentemente intrincada –na qual os personagens, além de numerosos, vão revelando posturas morais ambíguas –é o de menos: Se eles entram em contradição, ou se a história abandona determinados propósitos narrativos pelo caminho, tudo isso é compensado quando a direção emprega aquilo pelo qual eles servem de pretexto –as lutas intensas, minuciosas e imaginativas de artes marciais.
Ainda tateando o repertório de técnicas que consolidaria em obras aclamadas e recheadas de estilo como “O Alvo”, “O Matador”, “Fervura Máxima” ou “Bala Na Cabeça”, Woo aqui desempenha um trabalho bem menos característico, colorido e cheio de trucagens cênicas e lantejoulas, passível de ser confundido com o de outros conterrâneos seus, em geral, influenciados pelo mestre maior King Hu (de “A Tocha de Zen”).
Mas, o resultado que Woo obtém aqui, mesmo assim, é notável por seu equilíbrio, pela solidez de sua narrativa, e pelo largo êxito obtido enquanto filme, visto os propósitos comerciais e artísticos que estas produções visavam.
Uma bela “sessão da tarde” como diriam os expectadores mais velhos –eu incluso!

Um comentário:

  1. Puta filme. Assisti em vhs. E encontra-lo aqui foi um DELEITE. Gratidão eterna

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