Com a saída (tardia para alguns) de Roger Moore
da série em “007 Na Mira dos Assassinos”, em 1985, logo se fez necessário a
escalação de um novo James Bond, e o preferido dos produtores era ironicamente,
o jovem irlandês Pierce Brosnan, que infelizmente teve que recusar a proposta:
Brosnan, na época, estava contratualmente atrelado à série de TV “Remington
Steele”, com a qual tinha ganhado relativo prestígio e reconhecimento.
A segunda alternativa dos produtores recaiu,
assim, num ator inglês de formação shakesperiana chamado Timothy Dalton cuja
abordagem de James Bond terminou revelando-se vibrante e convincente para
alguns e excessivamente séria e empostada para outros –sobretudo, se comparado
à descontração ocasionalmente exagerada da fase Roger Moore.
007-Marcado
Para A Morte
Dirigido pelo mesmo John Glenn que já havia
assinado a direção dos três últimos filmes de Moore (e que viria a realizar os
dois de Dalton), este novo “Marcado Para A Morte” refletia a pouca disposição
dos produtores em alterar sua fórmula: Para Albert Broccoli e Michael G. Wilson
a própria conjuntura política mundial dos anos 1980 já impunha mudanças o
bastante na série em relação aos conceitos que ela tinha no começa, com Sean
Connery, para querer engendrar uma reinvenção mais contundente. Ainda assim, na
seriedade de Timothy Dalton e na tensão e na violência mais ressaltada de
certos momentos, se percebe uma inclinação mais realista, que só viria a ganhar
corpo de fato com Daniel Craig, quase vinte anos depois.
Ao receber a missão de descobrir as causas para
a deserção de um general da KGB (Jeroen Krabbe), na Tchecoslováquia, Bond
envolve-se numa trama complexa que visa o extermínio de espiões russos e
americanos, quando salva o general de um atentado praticado por Kara Milovy
(Maryam D’ Abo), aparentemente uma mera violinista tcheca.
Há algo de indeciso nesta produção: Ao mesmo
tempo em que a presença de Timothy Dalton sugere uma nova atmosfera nas
aventuras de Bond –e isso se reflete em alguns lances do roteiro que entrega
soluções desiguais e diferenciadas do estilo propagado por Roger Moore –o filme
tem uma convulsiva necessidade de regressar aos mesmos cacoetes narrativos de
outrora, inclusive assumindo ocasionalmente aquele tom auto-irônico que, com a
saída de Sean Connery, foi tomando conta da série.
007-Permissão
Para Matar
A necessidade de afastar-se do estilo jovial
difundido por Roger Moore e abraçar um Bond mais cru e realista surge, de fato,
neste segundo filme com Timothy Dalton, onde já se percebe, no próprio ponto de
partida da premissa básica, uma intenção de mudar as coisas: O ex-agente da CIA
e amigo de James Bond, Felix Leiter (David Hedison, que interpretou esse mesmo
personagem em “Com 007 Viva e Deixe Morrer”, ainda na fase Roger Moore), agora
chefe da divisão de narcóticos da Flórida, é morto por pistoleiros de cartéis
latino-americanos.
Desejoso de vingança, Bond é renegado pelo
serviço secreto britânico, perdendo sua famosa ‘licença para matar’, e partindo
sozinho atrás do maior responsável pelo assassinato de seu amigo: O rei do
tráfico de cocaína, Franz Sanchez (Robert Davi, um brucutu padrão dos anos
1980).
Os produtores e a direção nitidamente
burocrática de John Glenn não foram capazes de dar personalidade o suficiente
para destacar as aventuras estreladas por Dalton da filmografia geral de Bond
–tanto que, ao longo das duas produções, os filmes de Roger Moore e sua lembrança não deixaram de assombrar estes trabalhos.
Público e crítica perceberam isso de imediato
dando pouco retorno a este novo filme –ainda menos bem cotado que o anterior
–selando a breve passagem de Timothy Dalton pela série.
Talvez a substituição por
outro ator tenha ocorrido cedo demais, talvez o sisudo Dalton não fosse a
escolha ideal para suceder o descontraído Roger Moore, de qualquer forma, os
produtores foram pacientes e aguardaram até o ano de 1995 –o maior intervalo
entre filmes da série até hoje –nomeando oficialmente sua primeira escolha,
Pierce Brosnan, como novo 007, e reapresentando James Bond para toda uma nova
geração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário