Na comparação com seus pares, “Ringu” é de uma
simplicidade que o torna bastante acessível; eis aí, talvez, o detalhe que faz
dele um exemplar mais conhecido que obras de terror japonês como os
desafiadores “Kairo”, “Audition” e “Suicide Club” –além, claro, de sua
bem-sucedida refilmagem americana.
A premissa de Hideo Nakata não poderia ser mais
compreensível: Uma fita de vídeo amaldiçoada. Basta alguém assisti-la para
então morrer dentro de sete dias.
A partir desse argumento, ele constrói um filme
inquietante e lúgubre em torno de Reiko Asakawa (Nanako Matsushima), uma jovem
jornalista que, ao investigar a súbita morte da sobrinha (que morreu junto de
outros amigos sem nenhuma explicação), descobre a tal maldição ligada a uma
fita de VHS: Toda a pessoa que assistir ao seu conteúdo recebe logo em seguida
uma ligação –“Sete dias!" afirma uma voz fantasmagórica do outro lado da
linha –e morre exatamente uma semana depois sem que ninguém saiba como. Após
encontrar a fita e assisti-la (uma série de imagens que a princípio não fazem
sentido algum), a jornalista passa a tentar descobrir sua origem ao longo dos
dias que vão se passando.
Descobre assim a história de Sadako, e dos
tormentos que vivenciou em função de poderes extra-sensoriais tidos pelo pai
matuto e supersticioso como um artifício de demônios.
Mais do que descobrir toda a história que
envolve a misteriosa Sadako, ela deve descobrir um meio de anular o terrível
desfecho que acomete aqueles que assistiram à fita: Afinal, se a maldição tiver
fundamento ela própria morrerá em uma semana.
A maneira
com que este filme particularmente arrepiante organiza paradigmas do novo
terror japonês surgido nos anos 1990 e elementos inerentes ao gênero empregados
por cineastas do mundo inteiro é o grande trunfo do notável conceito que Hideo
Nakata urgiu aqui –e tão forte foi seu apelo que rendeu duas continuações e uma
prequel, além de ter iniciado uma verdadeira febre quando foi refilmado por
Hollywood em 2002.
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