Um carro está parado à beira da estrada. Há uma
atmosfera de tristeza, de ressentimento no ar. Assim se inicia o filme do
diretor Bryan Bertino, atento às nuances dramáticas.
É, pois, a esse novo rótulo de pós-terror que
suas escolhas parecem apontar: Um filme de terror definido e potencializado pelas
caracterizações de ordem psicológica que recebem os personagens, e por isso
mesmo contundente na tensão e na violência que porventura desencadeia.
E, supostamente inspirado em fatos reais, a
violência que ele desencadeia busca pela aflição do expectador; esta é uma obra
sufocante, quase nos moldes de “Violência Gratuita”, de Michael Haneke.
Afinal, o casal que se encontra dentro daquele
carro, Kristen (Liv Tyler) e James (Scott Speedman), tendo saído do que parece
ter sido uma festa; e sofrido um desentendimento pelo que parece ter sido um
pedido de casamento que ela recusou, vão à casa de campo do pai do rapaz.
Lá, na densa quietude interiorana e
providencialmente longe de tudo eles serão abordados por pessoas não
identificadas –vestidas com ameaçadoras máscaras brancas –que ao longo da interminável
noite os amedrontarão e aparentam, sem qualquer motivo, querer fazer-lhes mal.
Há um investimento particularmente intenso que
a narrativa faz na aflição, gerada tanto pela frustração constante dos
protagonistas se descobrirem paulatinamente incapazes de se manter seguros,
como pela displicência quase aleatória que os psicopatas anônimos (não só
desprovidos de rosto e identidade, mas também de uma história/origem e de um
propósito) usam para deflagrar sua sanha assassina –num dado momento, eles
perguntam “por quê” diante de todo o tormento persecutório que compõe o filme,
e a resposta não poderia ser mais banal (e, por isso mesmo, desconcertante):
“Porque vocês estavam em casa”.
Por essa postura, pela frieza glacial de uma
condução que leva à desolação do público (embora ainda assim seja muito mais
leve do que certas obras européias dessa mesma natureza lançadas por aqueles
tempos), é um filme particularmente assustador, amparando o clima e atmosfera
na própria simplicidade da situação, e da aterradora sensação de estar sendo
espionado sem poder ver quem o espiona.
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