Se o “Piranha” anterior contava com Richard
Dreyfuss para abrir sua narrativa numa participação especial cheia de
referência, este segundo –bem mais modesto –trás Gary Busey. O que não chega a
ser um detalhe muito digno de nota.
Se o primeiro filme refez no exagero apelativo
que corresponde ao gosto das plateias de hoje o “Piranha” original de Joe
Dante, a sua continuação por conseguinte refilmaria o segundo, “Piranha
2-Assassinas Voadoras”, dirigido –pasmem –por James Cameron, e dono do
famigerado de título de um dos piores filmes de todos os tempos.
Na ânsia de perseguir um mínimo de qualidade,
optou-se por seguir uma trama nova, sem referências ao clássico maldito dos
anos 1980.
E nessa nova trama, as piranhas anabolizadas e
pré-históricas que promoveram o banho de sangue do primeiro filme se acham
distantes dos sobressaltados seres humanos graças ao lago subterrâneo onde
ficaram por tanto tempo escondidas.
Desta vez, elas encontram um canal que as leva
em outra direção: Um parque aquático cujo novo proprietário (David Koechner,
uma presença deliberadamente canastrona), viúvo da proprietária anterior,
comete o erro de extrair água de um lençol d’água subterrâneo a fim de
satisfazer seus banhistas –e há, nesse tipo de filme, sempre um personagem
destinado a cometer a presepada suprema por meio da qual toda a desgraça irá se
deflagrar.
Claro que as piranhas irão achar o canal para
chegar ao parque aquático e assim honrar o filme com os litros de sangue e
cenas de mutilação que seu público há de esperar.
Nesse ínterim, personagens jovens e sem muita
noção irão preencher a ação com suas histórias desinteressantes. A principal
delas é Maddy (Danielle Panabaker), herdeira do tal parque a ostentar sempre
uma irritante expressão de responsabilidade para com seus amigos que só querem
transar (dois deles não passam dos primeiros vinte minutos) e para com seu
padrasto.
Há um triângulo amoroso muito mal construído
envolvendo ela, um gente boa, porém insosso, funcionário do parque (Matt Bush)
e um ridiculamente arrogante policial (Chris Zilka), isso pelo menos, até as
piranhas –únicas e reais estrelas deste filme –surgirem para fazer a festa,
trazendo de certa forma à reboque, duas participações oriundas do filme
anterior –e que são também as melhores presenças do filme: O cientista com um
parafuso a menos interpretado por Christopher Loyd e o ex-policial, agora em
recuperação, vivido por Ving Rhames.
Na direção rudimentar de John Gulager, cujos
momentos mais inspirados se ocupam de replicar o trabalho de Alexandre Aja no
filme anterior, esta sequência se presta à mesma profusão de sanguinolência,
galhofa e nudez gratuita.
Não fosse a bizarra participação de David
Hasselhoff (interpretando o que esperamos que seja uma versão caricata, amoral
e megalomaníaca de si mesmo), a introduzir um humor quase anárquico na
narrativa, este seria só mais um filme esquecível.
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