terça-feira, 23 de outubro de 2018

Piranha 2


Se o “Piranha” anterior contava com Richard Dreyfuss para abrir sua narrativa numa participação especial cheia de referência, este segundo –bem mais modesto –trás Gary Busey. O que não chega a ser um detalhe muito digno de nota.
Se o primeiro filme refez no exagero apelativo que corresponde ao gosto das plateias de hoje o “Piranha” original de Joe Dante, a sua continuação por conseguinte refilmaria o segundo, “Piranha 2-Assassinas Voadoras”, dirigido –pasmem –por James Cameron, e dono do famigerado de título de um dos piores filmes de todos os tempos.
Na ânsia de perseguir um mínimo de qualidade, optou-se por seguir uma trama nova, sem referências ao clássico maldito dos anos 1980.
E nessa nova trama, as piranhas anabolizadas e pré-históricas que promoveram o banho de sangue do primeiro filme se acham distantes dos sobressaltados seres humanos graças ao lago subterrâneo onde ficaram por tanto tempo escondidas.
Desta vez, elas encontram um canal que as leva em outra direção: Um parque aquático cujo novo proprietário (David Koechner, uma presença deliberadamente canastrona), viúvo da proprietária anterior, comete o erro de extrair água de um lençol d’água subterrâneo a fim de satisfazer seus banhistas –e há, nesse tipo de filme, sempre um personagem destinado a cometer a presepada suprema por meio da qual toda a desgraça irá se deflagrar.
Claro que as piranhas irão achar o canal para chegar ao parque aquático e assim honrar o filme com os litros de sangue e cenas de mutilação que seu público há de esperar.
Nesse ínterim, personagens jovens e sem muita noção irão preencher a ação com suas histórias desinteressantes. A principal delas é Maddy (Danielle Panabaker), herdeira do tal parque a ostentar sempre uma irritante expressão de responsabilidade para com seus amigos que só querem transar (dois deles não passam dos primeiros vinte minutos) e para com seu padrasto.
Há um triângulo amoroso muito mal construído envolvendo ela, um gente boa, porém insosso, funcionário do parque (Matt Bush) e um ridiculamente arrogante policial (Chris Zilka), isso pelo menos, até as piranhas –únicas e reais estrelas deste filme –surgirem para fazer a festa, trazendo de certa forma à reboque, duas participações oriundas do filme anterior –e que são também as melhores presenças do filme: O cientista com um parafuso a menos interpretado por Christopher Loyd e o ex-policial, agora em recuperação, vivido por Ving Rhames.
Na direção rudimentar de John Gulager, cujos momentos mais inspirados se ocupam de replicar o trabalho de Alexandre Aja no filme anterior, esta sequência se presta à mesma profusão de sanguinolência, galhofa e nudez gratuita.
Não fosse a bizarra participação de David Hasselhoff (interpretando o que esperamos que seja uma versão caricata, amoral e megalomaníaca de si mesmo), a introduzir um humor quase anárquico na narrativa, este seria só mais um filme esquecível.

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