O diretor Kees Van Oostrum até entrega faíscas
de uma audácia que poderia remeter a ousadia ardente de seu conterrâneo Paul
Verhoeven, mas seu trabalho não escapa da amenidade e da suavidade que lhe
reduz o potencial.
Casal de norte-americanos moradores de
Amsterdam, o executivo James (Liev Schreiber) e a editora Nina (Jeanne Tripplehorne)
completam onze anos de casamento, pontuados por altos e baixos, entre eles, as
escapadelas extraconjugais dele (e uma certa vista-grossa dela) e encontros ocasionais
em bares onde ambos fingem ser estranhos que acabaram de se conhecer.
Quando Nina descobre que James a está traindo
com uma de suas amigas, entretanto, ela lhe dá um basta e sai de casa, indo morar
com sua amiga escritora Lynn (Joelle Carter), que guarda um grande segredo –e
que, a rigor, não importa coisa alguma ao filme...
Indecisa entre preservar seu orgulho mantendo o
afastamento ou ceder ao sentimento e voltar para o homem que ainda ama (mas,
que a traiu), Nina inicia com James uma série de telefonemas onde, em
princípio, se faz passar por outra mulher que estabelece com ele uma curiosa
amizade à distância definida por confidências de ambas as partes, onde eles
tentam (meio que em vão) entender as expectativas afetivas de homens e mulheres
acerca uns dos outros.
Conseguindo manter um mínimo de interesse no
expectador neste conto de suspense romântico com algum humor, graças,
sobretudo, ao bom e competente casal central, o diretor Van Oostrum tenta
refletir sobre diversas facetas ambíguas do relacionamento a dois fracassando
em todas as tentativas de se aprofundar em seu propósito, especialmente porque
não lhe ocorre fazer qualquer gesto mais ousado além de replicar expedientes de
inúmeros gêneros já muito batidos e martelados: Sua comédia é acanhada; seu
drama é chato; seu romance é clichê e sua tensão é superficial.
Resta sua revigorante ambientação em Amsterdam
(que sugere mais libertinagem do que de fato se vê) e a presença da veterana
Louise Fletcher, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz por “Um Estranho No Ninho”.
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