Muitos foram os habilidosos artistas
estrangeiros trazidos para a América que levaram, através de seus filmes, um
olhar incomum aos temas discorridos no cinema norte-americano. Nos anos 1970,
um desses talentos foi Milos Forman.
Vindo de uma República Tcheca em convulsão
política, ele deu continuidade, nos EUA, ao brilhante trabalho que ele já fazia
em seu país natal, concebendo obras que tinham tudo a ver com o sentimento de
uma agridoce contestação que predominava em sua obra.
“Procura Insaciável”, “Hair” e este “Um
Estranho No Ninho” mostram, assim, uma progressão na qual ele avalia essa sua
simpatia ao atrevimento ao mesmo tempo em que observava, de modo mais
analítico, as engrenagens de poder que conduzem ao autoritarismo.
O micro-cosmos que serve à analogia de Milos
Forman aqui é um hospital psiquiátrico onde os internos experimentam os mais
diferenciados tipos de alienação social. Lá, tudo é controlado com rigor pela
enfermeira-chefe (a intensa e introspectiva Louise Fletcher).
Até que um visitante, o instável McMurphy
(interpretado com endiabrado entusiasmo por Jack Nicholson), questiona as
normas vigentes por meio de seu comportamento indomável, e suas atitudes
atrevidas. Isso inspira os outros pacientes a encontrar seu próprio
inconformismo, ainda que por pouco tempo.
Não apenas Milos Forman e o grande Jack
Nicholson estão inspirados neste trabalho: Há que se dar muito crédito a todo o
restante do elenco (além de Louise Fletcher, lá estão Danny De Vito,
Christopher Loyd e um jovem Brad Dourif), assim como ao fabuloso roteiro de
Lawrence Hauben e Bo Goldman cuja verve encontra um tom inédito para ponderar
sobre instituições, mecanismos de comando e, paralelamente, de rebeldia.
Uma formidável reunião de talentos, portanto,
como volta e meia acontece no cinema, de um primor tal que foi agraciado com
cinco Oscars principais em 1975.
E que encerramento magistral para a história é aquele, hein?
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