terça-feira, 28 de junho de 2016

Um Estranho No Ninho

Muitos foram os habilidosos artistas estrangeiros trazidos para a América que levaram, através de seus filmes, um olhar incomum aos temas discorridos no cinema norte-americano. Nos anos 1970, um desses talentos foi Milos Forman.
Vindo de uma República Tcheca em convulsão política, ele deu continuidade, nos EUA, ao brilhante trabalho que ele já fazia em seu país natal, concebendo obras que tinham tudo a ver com o sentimento de uma agridoce contestação que predominava em sua obra.
“Procura Insaciável”, “Hair” e este “Um Estranho No Ninho” mostram, assim, uma progressão na qual ele avalia essa sua simpatia ao atrevimento ao mesmo tempo em que observava, de modo mais analítico, as engrenagens de poder que conduzem ao autoritarismo.
O micro-cosmos que serve à analogia de Milos Forman aqui é um hospital psiquiátrico onde os internos experimentam os mais diferenciados tipos de alienação social. Lá, tudo é controlado com rigor pela enfermeira-chefe (a intensa e introspectiva Louise Fletcher).
Até que um visitante, o instável McMurphy (interpretado com endiabrado entusiasmo por Jack Nicholson), questiona as normas vigentes por meio de seu comportamento indomável, e suas atitudes atrevidas. Isso inspira os outros pacientes a encontrar seu próprio inconformismo, ainda que por pouco tempo.
Não apenas Milos Forman e o grande Jack Nicholson estão inspirados neste trabalho: Há que se dar muito crédito a todo o restante do elenco (além de Louise Fletcher, lá estão Danny De Vito, Christopher Loyd e um jovem Brad Dourif), assim como ao fabuloso roteiro de Lawrence Hauben e Bo Goldman cuja verve encontra um tom inédito para ponderar sobre instituições, mecanismos de comando e, paralelamente, de rebeldia.
Uma formidável reunião de talentos, portanto, como volta e meia acontece no cinema, de um primor tal que foi agraciado com cinco Oscars principais em 1975.
E que encerramento magistral para a história é aquele, hein?

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