É difícil apreender os elementos que tornam um
filme cultuado. Realizado por Russ Meyer em 1965, “Faster, Pussycat! Kill!
Kill!” é um desafio à essa capacidade de compreensão da dicotomia entre o quê o
público pensa querer e aquilo que, no fim das contas, ele realmente deseja.
Não que o filme seja ruim: Ele só não é melhor
que muitos produzidos antes e depois, e que amargaram relativa indiferença.
São seus muitos elementos, justapostos e
reunidos em circunstâncias singulares que o fazem ser objeto de adoração entre
pessoas como Quentin Tarantino e Robert Rodrigues (em cuja obra se encontra
muito da ressonância deste filme), em grande medida, é justo afirmar que nem o
próprio Russ Meyer (a exemplo de tantos outros realizadores de filmes que
caíram nas graças de um grupo de adoradores) conhecia o apelo da obra que
estava criando. Naquela década, ele queria era lançar-se como diretor de
cinema, e seus trabalhos tinham a sinceridade de refletir o quê ele mesmo
queria ver na tela: Mulheres fartas e carnudas em algum contexto fetichista
erotizado ao máximo possível.
Nessa esteira, diversos filmes foram
produzidos: “Wild Gals Of The Naked West”, “Heavenly Bodies”, “Lorna” e tantos
outros.
Em “Pussycat!” ele logrou reunir elementos
novos, como carros de corrida, lutas e uma trama psicodélica sobre roubo,
enquanto mirava uma narrativa mais cinematográfica do que suas incursões
anteriores no soft porn.
É claro que “Pussycat!” tem muitas
características de soft porn também, mas eles surgem até num nível moderado que
pode surpreender (e em alguns casos, decepcionar) aqueles que hoje procurarem pelo
filme orientados pelos comentários a respeito dele e de seu fetichismo que
povoam a internet.
A trama se passa toda num deserto desolado onde
ex-strippers, lideradas por uma certa Varla (a opulenta Tura Satana) resolvem
romper com a sociedade e a lei. A primeira providência dessas rebeldes é atacar
um casal de namorados, cujo rapaz, membro de uma quadrilha, entrega a elas a
localização de seu bando e junto com isso o lugar onde esconderam dinheiro
roubado.
O que se segue é uma história ligeiramente sem
noção na qual traições e reviravoltas se sucedem contrapondo os homens
perplexos e pouco confiáveis às mulheres insinuantes e cheias de atitude.
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