terça-feira, 28 de junho de 2016

Faster, Pussycat! Kill! Kill!

É difícil apreender os elementos que tornam um filme cultuado. Realizado por Russ Meyer em 1965, “Faster, Pussycat! Kill! Kill!” é um desafio à essa capacidade de compreensão da dicotomia entre o quê o público pensa querer e aquilo que, no fim das contas, ele realmente deseja.
Não que o filme seja ruim: Ele só não é melhor que muitos produzidos antes e depois, e que amargaram relativa indiferença.
São seus muitos elementos, justapostos e reunidos em circunstâncias singulares que o fazem ser objeto de adoração entre pessoas como Quentin Tarantino e Robert Rodrigues (em cuja obra se encontra muito da ressonância deste filme), em grande medida, é justo afirmar que nem o próprio Russ Meyer (a exemplo de tantos outros realizadores de filmes que caíram nas graças de um grupo de adoradores) conhecia o apelo da obra que estava criando. Naquela década, ele queria era lançar-se como diretor de cinema, e seus trabalhos tinham a sinceridade de refletir o quê ele mesmo queria ver na tela: Mulheres fartas e carnudas em algum contexto fetichista erotizado ao máximo possível.
Nessa esteira, diversos filmes foram produzidos: “Wild Gals Of The Naked West”, “Heavenly Bodies”, “Lorna” e tantos outros.
Em “Pussycat!” ele logrou reunir elementos novos, como carros de corrida, lutas e uma trama psicodélica sobre roubo, enquanto mirava uma narrativa mais cinematográfica do que suas incursões anteriores no soft porn.
É claro que “Pussycat!” tem muitas características de soft porn também, mas eles surgem até num nível moderado que pode surpreender (e em alguns casos, decepcionar) aqueles que hoje procurarem pelo filme orientados pelos comentários a respeito dele e de seu fetichismo que povoam a internet.
A trama se passa toda num deserto desolado onde ex-strippers, lideradas por uma certa Varla (a opulenta Tura Satana) resolvem romper com a sociedade e a lei. A primeira providência dessas rebeldes é atacar um casal de namorados, cujo rapaz, membro de uma quadrilha, entrega a elas a localização de seu bando e junto com isso o lugar onde esconderam dinheiro roubado.
O que se segue é uma história ligeiramente sem noção na qual traições e reviravoltas se sucedem contrapondo os homens perplexos e pouco confiáveis às mulheres insinuantes e cheias de atitude.

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