quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

A Família do Futuro


Uma tendência ao banal e ao redundante foi identificada em “O Galinho Chicken Little”, quando este foi lançado em 2006. Em função disso, os Estúdios Disney trataram de promover uma reformulação para seus projetos seguintes e o filme imediatamente posterior, “A Família do Futuro”, já encontrou o departamento de animação sob a supervisão de John Lasseter que, no comando da Pixar, havia produzido as melhores obras animadas da Disney da última década.
É possível encontrar aquele mesmo zelo para com os pormenores da trama em “A Família do Futuro”, ainda que hajam ramificações mais funcionais à compreensão dos adultos que das crianças.
“A Família do Futuro” gira inicialmente em torno da orfandade do protagonista Lewis, um pequeno gênio que está prestes a revelar, numa feira de ciências, um invento revolucionário: Em busca de memórias subconscientes de sua verdadeira mãe –que na primeira cena o deixa ainda bebê nas portas do orfanato –ele criou uma máquina capaz de ler a mente e projetar numa tela, em detalhes, as lembranças de seu usuário.
A guinada da trama ocorre quando o jovem, Wilbur, aparece na feira com atitudes suspeitas; ele parece particularmente alarmado com a presença de um estranho vestindo chapéu coco –embora esse soturno personagem obedeça a todas as características de um vilão, não é exatamente isso que ele é como veremos mais a frente; um dos vários reflexos da Pixar que o longa-metragem irá ostentar ao longo de sua duração.
Numa trama que não se furta de uma relativa complexidade em determinado ponto, acompanhamos Lewis e Wilbur indo para o futuro –pois, aquele garoto havia vindo de lá numa máquina do tempo –e descobrindo que o evento na feira de ciências, quando Lewis apresenta seu invento, é determinante para os rumos que as vidas de todos terão. E o homem de chapéu coco tem lá suas razões para mudar todo o futuro.
Ainda que anos-luz distante da qualidade hiperlativa das obras da Pixar, “A Família do Futuro” sinaliza uma elevação gradual e considerável na realização das animações oriundas diretamente da Disney que, nos anos anteriores, padeciam de alguma mediocridade. Este aqui, em meio a altos e baixos (mais altos do que baixos, sejamos justos) conquista uma presença afetiva na memória do expectador com um final bem engendrado, onde a trajetória final do protagonista é arrematada numa bela canção (um recurso usado pela Disney também no posterior “Bolt”, e que certamente eles extraíram da obra-prima, “Meu Amigo Totoro” de Hayao Miyazaki) e com o encerramento belíssimo onde eles homenageiam, numa citação edificante o próprio Walt Disney em pessoa.

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