Sempre na tentativa de agregar seu nome a uma
produção de respeito, o diretor italiano Joe D’Amato promoveu uma fusão de
vertentes cinematográficas predominantes no período de 1973, como o giallo, o
terror gótico e o exploitation (do qual foi um especialista) na busca por um
todo eficiente e elegante.
O filme –cuja premissa se vale de expedientes
que a todo momento enganam o expectador em seu primeiro terço –começa com o
personagem de Franz (Luciano Rossi), um irmão a lamentar a morte da irmã com
quem claramente tinha uma relação incestuosa.
Suas juras de vingança levam a crer que será
este o mote do filme.
Entretanto, uma montagem não linear e
deliberadamente enigmática arremessa a trama noutra direção, ao mesmo tempo que
parece gradativamente deixar de lado aquele personagem (o do irmão): Greta (Ewa
Aulin), pouco depois de aparecer junto de um companheiro (vivido por Giacomo
Rossi-Stuart), é vista num acidente de carruagem.
Encontrada pelo casal Walter e Eva Von
Ravensbrück (Sergio Doria e Angela Bo) e examinada pelo médico Dr. Sturges
(Klaus Kinski), ela é diagnosticada com amnésia traumática e enquanto se
recupera passa a viver na mansão do casal.
Curiosamente, Walter e Eva se apaixonam por
ela. Tanto que Eva tenta matá-la, não por ciúmes do marido, mas porque Greta
não deu a ela mais atenção (!).
Num trecho que remete a Edgar Allan Poe de
todas as formas, Greta é emparedada num porão –numa cena com frequente aparição
de gatos.
Mais tarde. Eva é atormentada por aparições de
Greta –que, pelo jeito, sobreviveu –até isso leva-la à morte.
É durante o funeral de Eva que aparece o pai de
Walter (e que vem a ser o mesmo personagem que surge num interlúdio romântico
com Greta no início). O filme de D’Amato aparenta sinalizar algum tipo de
elucidação nesse ponto, mas ela jamais chega de fato.
Ao contrário: O que parecia mirabolante e
improvável antes ganha ares ainda mais intrigantes; indícios de conspiração ou
de algo sobrenatural vão surgindo a medida que Greta enfileira uma morte atrás
da outra, que incluem o pai de Walter, o próprio Walter, o mordomo (é sério), o
irmão dela e por aí vai...
Mesclando gêneros com mais euforia do que com
austeridade, mas preservando uma aura poética que se sustenta no refinamento de
sua produção, o filme de D’Amato deixa o expectador com a única certeza de uma
premissa inverossímil e injustificável, potencializada ainda mais pelo desfecho
irônico e desconcertante.
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