O melhor deste último trabalho do lendário
astro pornô John Holmes é o seu sabor vintage e as características que isso
acarreta –uma obra pornográfica, sim, mas que tem, ao seu jeito, uma narrativa,
com pretexto e premissa, por meio da qual uma trama real é construída a fim de
justificar as cenas de sexo que seguem. Em suma, um filme de verdade.
Esses predicados da indústria pornô de então –o
de conceber narrativas ao invés de simplesmente filmar cenas de sexo –foi gradativamente
abandonado quando os realizadores se deram conta do hábito da grande maioria
dos consumidores de filmes pornô de acelerar as cenas de diálogo e tudo o mais
para seguir diretamente rumo às sequências de sexo; isso porque, já nos anos
1980, o público já dispunha do videocassete para ver seus filmes em casa e não
mais no cinema, permitindo assim que pequenas frivolidades como essa fossem
feitas em tão larga escala que modificou todo o perfil da indústria com elas.
Adotando como influência direta e declarada um
dos grandes clássicos do gênero, “O Diabo Na Carne de Miss Jones”, o roteiro
começa com John Holmes num personagem que se chama... John Holmes! –que, àquelas
alturas, era uma persona tão icônica dentro e fora das telas do universo pornô
que dissocia-lo de sua imagem fazendo-o interpretar um personagem soava
desnecessário.
No início, ele amarga a frustração de não
conquistar mulheres na mesma proporção de sua libido insaciável. Seguindo as
orientações meio sem noção de dois amigos (Christoph Clark e Jean-Pierre
Armand, presenças corriqueiras nas transas que se seguirão), ele estuda um
livro por meio do qual faz um pacto muito gaiato com o Diabo (Kieran Canter,
absolutamente caricato na única tomada que aparece) e acaba, com isso,
adquirindo um magnetismo desigual com as mulheres: Basta que elas olhem em seus
olhos sem a proteção de óculos escuros para que um desejo normal por sexo as
domine!
Está aí, portanto, a senha para as sequências
que se seguem, abrilhantadas, sobretudo, pela beleza sem artifícios de algumas
deslumbrantes atrizes do período como Tracey Adams e Amber Lynn.
Nenhum comentário:
Postar um comentário