Belíssimo para uns, pretensioso para outros, a
obra documental de Marcelo Masagão mostrou-se de afiado senso oportunista ao
aproveitar a virada do milênio (final dos anos 1990 e início dos anos 2000)
para se assumir como uma espécie de filme-testamento do Século XX.
O que se segue, por conta disso, são imagens
desde os primeiros anos do século que testemunhou o nascimento e a evolução do
cinema –e que, por conta disso, teve seus desdobramentos e transformações
capturados em imagens em movimento –reunidas por meio de uma exemplar e
admirável pesquisa de imagens que impressiona pela extensão e pela minúcia
cronológica e geográfica.
Os temas que conectam uma imagem à outra são
considerações e intertítulos ora solenes (em seu registro dos acontecimentos
históricos), ora mundanos (no constante regresso à participação dos indivíduos
anônimos que lá estiveram) que Masagão conduz como quem elabora uma conversa
unilateral com o público, pairando entre distintos assuntos ao sabor de
informações que aparecem e desaparecem quase como devaneios narrativos.
Observa-se assim, as invenções inovadoras, a
emancipação da mulher, a guerra (a Primeira e a Segunda Guerra Mundial) e, sobretudo,
seu impacto na vida de cidadãos comuns.
Seus detratores afirmam que ele não soube
explorar com devida contundência toda a riqueza histórica e documental que o
Século XX tinha a oferecer, preferindo um produto sedutor em sua estética, mas
vazio em sua essência.
Seus admiradores, no entanto, preferem concentrar-se
do fato do filme ser arrebatador em sua natureza evocativa, e amplamente
alegórica nas possibilidades de interpretação que seu estilo solto oferece às
mentes mais abertas e reflexivas.
A beleza, afinal, está nos
olhos de quem vê.
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