A julgar por esta bela realização de suspense e
terror, o diretor José Ramon Larraz, de “As Filhas de Drácula”, gosta de
desenvolver conceitos macabros em ambientações campestres –e, em sua
predisposição, ele filma takes formidáveis e imersivos, mostrando a beleza
singela dos riachos e bosques; não deixando de observar neles uma atmosfera
sinistra que convém ao seu trabalho.
Na trama pouco elusiva que ele explora temos
duas amigas a chegar numa casa de campo; palco para todo o intrigante filme que
se sucederá.
A proprietária é a catatônica Helen (Angela
Pleasence) cuja instabilidade –por razões nunca evidenciadas –confere a ela uma
aura de fragilidade.
Sua amiga e convidada é Anne (Lorna Heilbron)
que ao assumir com alguma vaidade o papel de pilar estrutural para a amiga
encara toda a convicção e reafirmação de si mesma que pode ostentar.
Munido de bela fotografia e de expressiva
trilha sonora, Larraz faz a partir desse pouco um trabalho atmosférico e
sensorial, um tanto dissonante do que andava se fazendo naqueles idos dos anos
1970 –daí seu brilhantismo e sua singularidade.
Pois, na aridez possivelmente proposital de seu
plot, o filme consegue esclarecer ao expectador que é uma obra de terror sem
expor quaisquer expedientes do gênero com muita clareza em sua primeira hora –salvo,
certamente, o prólogo, tão rápido e estranhamente discordante de todo o filme
que vem depois, que não tardamos a dele nos esquecer; todavia, mais a frente,
ele será explicado, reiterado e complementado.
Belo em seu acabamento,
certamente fragmentado na narrativa manhosa que se propõe, e omisso na opinião
dos expectadores mais impacientes –este é daqueles filmes que cabe ao
expectador preencher as vastas lacunas da história e dos personagens –“Sintomas”
é um trabalho desafiador, autoral e hipnótico.
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