sexta-feira, 5 de abril de 2019

Um Duende Em Nova York

Certamente, Will Ferrel é o sol cuja luz ilumina a razão de ser deste projeto –é em sua figura marcante, em sua energia cênica, e em seu humor convicto que se ampara toda a narrativa. Todavia, há que se dar, também, o devido crédito ao diretor Jon Favreau que, compreendendo esses aspectos, soube jogar luz ao seu protagonista, dando a ele palco amplo para suas peripécias mesmo que em detrimento de outros coadjuvantes.
No caso de alguém como Will Ferrel é assim que tem de ser: Tão catalizadora é sua presença, tão escancaradamente caricata é sua comédia que não soa apropriado tratar uma protagonista assim como alguém normal –ou mesmo, real –e, para tanto, a trama de “Um Duende Em Nova York” dosa o non-sense com perfeição.
Ferrel é Buddie, uma criança humana que, ainda bebê, encontrou inadvertidamente no saco do Papai Noel na noite de Natal (!), e terminou indo parar no Pólo Norte onde foi adotado por elfos.
Anos depois, apesar de sua desproporção evidente para com os demais, o ingênuo Buddie, mesmo adulto, ainda não se deu conta de que foi adotado (!).
Ao descobrir o fato, seu impulso é o de natural conhecer seu genitor –cuja pista ele tem uma foto –e que o próprio Papai Noel já informou que se encontra na lista dos ‘meninos maus’.
Seu pai é, na verdade, o empresário Walter (James Caan, sempre ótimo), para quem a ambição pesa muito mais que o altruísmo –e nota-se aí, na dinâmica pai e filho que se estabelece, a similaridade que o roteiro espertamente encontra com o clássico “Um Conto de Natal”, de Charles Dickens; o personagem do pai é, sob diversos ângulos, um réplica, portanto, de Ebenezer Scrooge e, como tal, terá seu cinismo e seu materialismo transfigurados ao longo da história, na descoberta de seu próprio espírito natalino e, aqui, de sua proximidade com o filho.
Sem pressa para percorrer esse arco nítido, e até previsível, mas não menos envolvente e válido, a direção de Jon Favreau aproveita para se esbaldar com o que o filme tem de mais original: Seu protagonista irreprimível, que Will Ferrel transforma num elemento desestabilizador em cada uma das cenas, em cada encontro com um novo personagem, como a jovem que potencialmente será seu interesse romântico (Zooey Deschanel); ou a madrasta que consegue ser mais terna e benevolente que o próprio pai (Mary Steenburgen).
Uma singela produção natalina e, ao mesmo tempo, um veículo para o estrelato do genial cômico Will Ferrel –ainda que seu humor seja com frequência peculiar –este filme beneficiou todos os envolvidos com um expressivo sucesso de bilheteria, o que possibilitou ao diretor Jon Favreau, mais tarde, assumir as rédeas da aventura “Zathura” (a tardia continuação de “Jumanji”) e em seguida de um projeto intitulado “Homem de Ferro”.

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