Certamente, Will Ferrel é o sol cuja luz
ilumina a razão de ser deste projeto –é em sua figura marcante, em sua energia
cênica, e em seu humor convicto que se ampara toda a narrativa. Todavia, há que
se dar, também, o devido crédito ao diretor Jon Favreau que, compreendendo
esses aspectos, soube jogar luz ao seu protagonista, dando a ele palco amplo
para suas peripécias mesmo que em detrimento de outros coadjuvantes.
No caso de alguém como Will Ferrel é assim que
tem de ser: Tão catalizadora é sua presença, tão escancaradamente caricata é
sua comédia que não soa apropriado tratar uma protagonista assim como alguém
normal –ou mesmo, real –e, para tanto, a trama de “Um Duende Em Nova York” dosa
o non-sense com perfeição.
Ferrel é Buddie, uma criança humana que, ainda
bebê, encontrou inadvertidamente no saco do Papai Noel na noite de Natal (!), e
terminou indo parar no Pólo Norte onde foi adotado por elfos.
Anos depois, apesar de sua desproporção
evidente para com os demais, o ingênuo Buddie, mesmo adulto, ainda não se deu
conta de que foi adotado (!).
Ao descobrir o fato, seu impulso é o de natural
conhecer seu genitor –cuja pista ele tem uma foto –e que o próprio Papai Noel
já informou que se encontra na lista dos ‘meninos maus’.
Seu pai é, na verdade, o empresário Walter
(James Caan, sempre ótimo), para quem a ambição pesa muito mais que o altruísmo
–e nota-se aí, na dinâmica pai e filho que se estabelece, a similaridade que o
roteiro espertamente encontra com o clássico “Um Conto de Natal”, de Charles
Dickens; o personagem do pai é, sob diversos ângulos, um réplica, portanto, de Ebenezer Scrooge e, como tal, terá seu cinismo e seu materialismo transfigurados
ao longo da história, na descoberta de seu próprio espírito natalino e, aqui,
de sua proximidade com o filho.
Sem pressa para percorrer esse arco nítido, e
até previsível, mas não menos envolvente e válido, a direção de Jon Favreau
aproveita para se esbaldar com o que o filme tem de mais original: Seu
protagonista irreprimível, que Will Ferrel transforma num elemento
desestabilizador em cada uma das cenas, em cada encontro com um novo
personagem, como a jovem que potencialmente será seu interesse romântico (Zooey
Deschanel); ou a madrasta que consegue ser mais terna e benevolente que o próprio
pai (Mary Steenburgen).
Uma singela produção
natalina e, ao mesmo tempo, um veículo para o estrelato do genial cômico Will
Ferrel –ainda que seu humor seja com frequência peculiar –este filme beneficiou
todos os envolvidos com um expressivo sucesso de bilheteria, o que possibilitou
ao diretor Jon Favreau, mais tarde, assumir as rédeas da aventura “Zathura” (a
tardia continuação de “Jumanji”) e em seguida de um projeto intitulado “Homem de Ferro”.
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