quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Homem de Ferro

Marco zero do projeto sem precedentes movido pela Marvel Studios, que consistia em levar ao cinema todas narrativas entrecruzadas de seus personagens nos quadrinhos, habitantes de um mesmo universo coeso e interativo.
É curioso lembrar que poucos tinham muita certeza acerca do futuro da Marvel, especialmente porque eles tiveram o atrevimento de iniciar tudo com um personagem então absolutamente desconhecido do grande público que não tinha intimidade com os quadrinhos.
A seu favor, além da presença de um talentoso ator –Robert Downey Jr. –que rendia boas atuações quando não estava bêbado ou na cadeia, eles tinham a liberdade criativa plena propiciada pelo fato deste ser sua primeira investida no ramo cinematográfico.
E mais nada.
O diretor? Jon Favreau que havia realizado dois filmes pequenos e simpáticos, “Zathura” –uma continuação informal de “Jumanji” –e a aventura “Um Elfo Em Nova York”.
Mas a Marvel, como estúdio, foi sábia ao administrar magnificamente bem os elementos que tinha a disposição, e possuir o bom senso de fazer um filme objetivamente bom.
É por esse princípio que somos apresentados à Tony Stark (Downey Jr.), um gênio inventor e multimilionário da indústria armamentista que, durante uma apresentação no oriente médio, é seqüestrado por terroristas que o obrigam a construir uma arma em seu cativeiro.
Entretanto, de posse das parafernálias que dispõe, Stark cria uma armadura absurdamente poderosa que possibilita sua fuga. De volta à civilização, e à sua vida de playboy, Stark decide reconstruir a armadura com aprimoramentos e usá-la para proteger os inocentes sob a identidade do herói conhecido como Homem de Ferro.
A questão é que desde o princípio se percebe a iniciativa da Marvel em realizar um produto de cinema, com todos os predicados necessários para se manter sozinho –uma história eficiente e bem lapidada, uma condução dinâmica, espirituosa e bem humorada do diretor Jon Favreau, um roteiro econômico, sucinto e sem firulas, e uma série de personagens bem escolhidos, bem interpretados e bem distribuídos e suas várias contribuições aos avanços da narrativa.
E, ao centro de tudo, a interpretação vistosa, descontraída e convicta de Robert Downey Jr. finalmente deixando a imagem de ator problemático para trás e abraçando a promessa de estrelato que seu imenso talento há muito tempo sinalizava.
Tudo isso, em 2008, funcionou como uma máquina das mais bem azeitadas, transformando “Homem de Ferro” numa das aventuras mais bem acolhidas pelo público de que se tem notícia: Era comum ouvir comentários afirmando o quanto Downey Jr. era surpreendentemente perfeito para o papel, ou como suas cenas de ação acrescentavam (e não se sobrepunham) à história.
Construído da mais apurada fusão de carisma, ação de alta voltagem e cuidado narrativo, “Homem de Ferro” pavimentou o início de um longo caminho que possibilitou a consolidação do verdadeiro gigante das telonas que a Marvel Studios é hoje.

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