Marco zero do projeto sem precedentes movido
pela Marvel Studios, que consistia em levar ao cinema todas narrativas
entrecruzadas de seus personagens nos quadrinhos, habitantes de um mesmo
universo coeso e interativo.
É curioso lembrar que poucos tinham muita
certeza acerca do futuro da Marvel, especialmente porque eles tiveram o
atrevimento de iniciar tudo com um personagem então absolutamente desconhecido
do grande público que não tinha intimidade com os quadrinhos.
A seu favor, além da presença de um talentoso
ator –Robert Downey Jr. –que rendia boas atuações quando não estava bêbado ou
na cadeia, eles tinham a liberdade criativa plena propiciada pelo fato deste
ser sua primeira investida no ramo cinematográfico.
E mais nada.
O diretor? Jon Favreau que havia realizado dois
filmes pequenos e simpáticos, “Zathura” –uma continuação informal de “Jumanji”
–e a aventura “Um Elfo Em Nova York”.
Mas a Marvel, como estúdio, foi sábia ao
administrar magnificamente bem os elementos que tinha a disposição, e possuir o
bom senso de fazer um filme objetivamente bom.
É por esse princípio que somos apresentados à Tony
Stark (Downey Jr.), um gênio inventor e multimilionário da indústria armamentista
que, durante uma apresentação no oriente médio, é seqüestrado por terroristas
que o obrigam a construir uma arma em seu cativeiro.
Entretanto, de posse das parafernálias que
dispõe, Stark cria uma armadura absurdamente poderosa que possibilita sua fuga.
De volta à civilização, e à sua vida de playboy, Stark decide reconstruir a
armadura com aprimoramentos e usá-la para proteger os inocentes sob a
identidade do herói conhecido como Homem de Ferro.
A questão é que desde o princípio se percebe a
iniciativa da Marvel em realizar um produto de cinema, com todos os predicados
necessários para se manter sozinho –uma história eficiente e bem lapidada, uma
condução dinâmica, espirituosa e bem humorada do diretor Jon Favreau, um
roteiro econômico, sucinto e sem firulas, e uma série de personagens bem
escolhidos, bem interpretados e bem distribuídos e suas várias contribuições
aos avanços da narrativa.
E, ao centro de tudo, a interpretação vistosa,
descontraída e convicta de Robert Downey Jr. finalmente deixando a imagem de
ator problemático para trás e abraçando a promessa de estrelato que seu imenso
talento há muito tempo sinalizava.
Tudo isso, em 2008, funcionou como uma máquina
das mais bem azeitadas, transformando “Homem de Ferro” numa das aventuras mais
bem acolhidas pelo público de que se tem notícia: Era comum ouvir comentários
afirmando o quanto Downey Jr. era surpreendentemente perfeito para o papel, ou
como suas cenas de ação acrescentavam (e não se sobrepunham) à história.
Construído da mais apurada
fusão de carisma, ação de alta voltagem e cuidado narrativo, “Homem de Ferro”
pavimentou o início de um longo caminho que possibilitou a consolidação do
verdadeiro gigante das telonas que a Marvel Studios é hoje.
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