Esta produção vem inevitavelmente repleta de
elementos que configuram uma das novas tendências comerciais do cinema: A
adaptação de livros que contam uma jornada juvenil de aventura pós-moderna,
atrás dos quais, em busca da gorda bilheteria que os adolescentes podem prover,
os estúdios toda hora estão.
Tem a protagonista precisamente jovem, entre a
indecisão que define inércia de sua fase da vida (como a Bella de
“Crepúsculo”), e a chama que a impele a ser mais do que é (como a Katniss de
“Jogos Vorazes”), aqui neste caso, interpretada pela graciosa sobrinha de Julia
Roberts, Emma Roberts. Há também o mundo ao qual está imerso essa mesma
protagonista, quase uma caricatura do mundo essencialmente conectado, cerceado
de tecnologia que nós mesmos vivemos. E começam aí as características
interessantes de “Nerve”.
Afinal, a personagem de Emma, Vee, é uma
moradora de Nova York, quer estudar em uma faculdade cara demais para o
orçamento de sua família, e vive um dilema moral pelo fato de querer sair de
casa e com isso deixar sozinha sua mãe, ainda abalada pelo luto da morte
trágica do irmão de Vee, ocorrida há algum tempo.
Oprimida por essas circunstâncias, Vee descobre
um jogo virtual nos moldes de “verdade ou conseqüência”: Trata-se do Nerve, que
funciona mais ou menos assim; assistidos por toda a sorte de câmeras e
celulares, os competidores aceitam ou recusam determinados desafios. Se
aceitarem, continuam no jogo e ganham não só milhares de seguidores, como
também depósitos em suas contas bancárias. Se recusarem, perdem todo o dinheiro
e, digamos, boa parte de sua auto-estima.
O problema é que os desafios crescem em
intensidade, flertando com o perigo e o crime.
Disposta a provar e reafirmar sua coragem –já
tão inerte –para si mesma e para os outros, Vee topa o desafio do Nerve que
imediatamente a coloca lado a lado de um outro competidor, o misterioso Ian
(Dave Franco).
O filme só não corresponde mais plenamente à
sua premissa promissora porque seus dois diretores (Henry Joost e Ariel
Schulman) perdem a mão próximos do final, quando insistem em incrementar seu
relato de ação e suspense num crescendo que exagera o tom e encerra a trama de
maneira exorbitante e histérica.
Como num arroubo
adolescente.
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