Criado nos quadrinhos pela dupla Stan Lee e Jack Kirby nos anos 1960, o Quarteto Fantástico já teve quatro versões anteriores feitas para cinema –a de 1994 (uma produção B cuja pobreza técnica e artística foi tamanha que sequer foi lançado!), a de 2005 (talvez, a mais famosa, que trazia Chris Evans como Tocha Humana), sua continuação de 2007 (aproveitando também o arco narrativo a envolver Galactus e o Surfista Prateado, resultando nada mais que uma sessão da tarde mediana) e a de 2015 (uma obra problemática, assolada por todo o tipo de equívoco e, como é habitual em casos assim, uma verdadeira lástima).
Faltava, em cada um desses exemplares, alguém
atrás das câmeras que fizesse um esforço mínimo para entender os quadrinhos
originais, a motivação dos personagens, o propósito e o contexto para o qual
foram criados. Felizmente, a Marvel Studios (enfim, detentora desses
personagens após um tortuoso vai e vem de direitos autorais) entregou o
material nas mãos do diretor Matt Shakman (realizador de todos os episódios da
elogiada série “WandaVision”) que soube pontuar os elementos pertinentes de
cada membro do grupo, encontrou o empuxo moral e existencial que dava impulso às
suas tramas, e organizou essas considerações numa narrativa bem calibrada,
sólida e enxuta, além de adornar seu trabalho com um visual de encher os olhos,
aproveitando a estética sci-fi retrô
escolhida para a produção.
Numa versão alternativa do planeta Terra
(chamada Terra 828, alternativa inclusive ao próprio Universo Marvel em si,
cujas obras de sucedem noutra realidade), o mundo chegou à década de 1960
usufruindo de uma plenitude tecnológica fora do comum, graças à existência de
um gênio conhecido como Reed Richards (Pedro Pascal). Esse mesmo Reed Richards
que, numa eventual viagem espacial (são anos 1960, logo, período da Exploração
Espacial) junto de sua tripulação, formada pela esposa Sue Storm (Vanessa
Kirby), pelo cunhado Johnny Storm (Joseph Quinn, de “Um Lugar Silencioso-Dia Um”
e “Gladiador II”) e pelo amigo Ben Grimm (Ebon Moss-Bachrach, de “Que Horas EuTe Pego?” e da série “The Bear”), acaba colhido por raios espaciais que
conferem à todos eles, poderes diferenciados. Reed, agora, além da mente
privilegiada, tem também a capacidade de se esticar; Sue consegue produzir
poderosos campos de força, além de ficar invisível; Johnny controla o fogo podendo
inclusive tornar o próprio corpo incandescente; e Ben vira um ser rochoso
superforte ao qual dão a alcunha de Coisa. Essa família se transforma assim nos
grandes heróis da Terra, o Quarteto Fantástico.
Quando a trama tem, de fato, início –mostrando essa
origem mencionada acima numa breve sequência de um programa de TV –o Quarteto
Fantástico testemunha a chegada à Terra da Surfista Prateada (Julia Garner, de “Sin City-A Dama Fatal”), criatura de poder cósmico que afirma ser arauto do
poderoso Galactus, um ser tão antigo quanto o universo, movido por uma fome
incontrolável e incessante. O seu alimento: Planetas! E chegou a hora dele
alimentar-se da Terra.
A Surfista vem, portanto, anunciar para o
Quarteto e para o mundo o prazo final da raça humana.
As esperanças se debruçam, obviamente, sobre os
quatro membros do Quarteto Fantástico, contudo, quando finalmente eles
encontram o incomensurável Galactus (vivido numa imponência assombrosa por
Ralph Ineson), ele os confronta com um dilema: Salvar a Terra entregando a ele
o filho de Sue e Reed, ainda por nascer.
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