Uma das franquias mais honestas e eficientes do cinema moderno, dentro daquilo que se propõe, é “Um Lugar Silencioso”, iniciada com o modesto e objetivo sucesso-surpresa dirigido por John Krasinski e estrelado por Emily Blunt. A ideia é um tanto quanto simples e, por isso mesmo, sucinta: Num mundo dominado por monstros cegos, dotados de apurado senso auditivo, manter-se em silêncio total é manter-se vivo.
Dois filmes depois, a saga (que, tudo indica,
ganhará dentro em breve um terceiro longa-metragem) volta no tempo para contar,
neste prequel, como se desdobrou, de
modo geral, os acontecimentos do primeiro dia, durante a invasão alienígena;
este, ou mesmo os filmes anteriores, muito pouco mergulham em questões de onde
as criaturas vieram ou porque, limitando-se a mostrá-los como meteoritos que
caem do céu, longo percorrendo perigosamente as ruas atrás de carne humana.
Na verdade, o segundo filme, “Um Lugar Silencioso-Parte 2” possui um prólogo com cerca de 15 minutos onde
testemunhamos os protagonistas em sua breve vida comum da forma como ela era
minutos antes da invasão –é esse prólogo que serve de modelo à todo este filme
agora concebido pelo diretor Michael Sarnoski (do surpreendente “Pig”, com
Nicolas Cage). Entretanto, agora nos desvencilhamos dos protagonistas
anteriores (Emily Blunt e sua família) para nos focar na trajetória de outros
personagens, descobrindo como tudo se desenrolou numa metrópole como Nova York.
Ex-poetisa assolada pelo câncer, Sammy (Lupita
Nyong’o, sempre excelente) amarga seus dias numa clínica até que seu
enfermeiro, Reuben (Alex Wolff, de “Hereditário” e “O Dia do Atentado”),
organiza um passeio em Manhattan para assistir um show de marionetes. Convencida
pela promessa de comer uma pizza (!), Sammy se deixa levar junto de seu gato,
Frodo, mesmo sabendo que o programa a deixará enfastiada. Contudo, enquanto
estão lá, algo acontece: Meteoritos (ou algo assim) caem do céu, trazendo
criaturas monstruosas que atacam vorazmente todos os transeuntes que encontram
pela rua.
Nas horas que se seguem, Sammy e os poucos que
têm a chance de sobreviver (entre eles, o personagem de Djimon Hounsou, que
aparece na “Parte 2” também) descobrem o básico para escapar da sanha
implacável das criaturas: Que devem fazer silêncio absoluto (as criaturas não
têm olhos, então, se baseiam num aparato auditivo e atacam ao menor ruído) e
que, se possível, precisam se refugiar próximos da água (as criaturas evitam os
rios, incapazes de nadar neles).
No entanto, Sammy tem outros planos; ela logo
deixa o grupo formado nas dependências agora desoladas do teatro de marionetes
e resolve encontrar, com seu gato, o caminho para o Harlem. O motivo: Ciente
dos dias escassos de que dispõe por conta de sua condição médica, Sammy quer,
nesse cenário apocalíptico, saborear um último instante de vida normal e
encontrar um restaurante no bairro onde cresceu que, talvez, possua uma última
fatia de pizza (!). Nesse percurso melancólico, Sammy se depara com o jovem
Eric (o inglês Joseph Quinn, o futuro Tocha Humana no vindouro “Quarteto
Fantástico” da Marvel Studios), um rapaz aparentemente sem rumo, que decide
acompanhá-la nessa cruzada final.
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