Talvez, o filme mais massacrado pela crítica e
ignorado pelo público do ano.
Mas, falando francamente, não chega a ser essa
bomba que muitos falam. Não chega, também, a ser bom. Entretanto, não acho que
mereça ganhar, por exemplo, o prêmio de Pior Filme de 2015, no Framboesa de
Ouro (embora essa possibilidade exista).
É uma ficção científica esmerada em sua maior
parte do tempo, e com boa e caprichada produção. O problema desse novo
“Quarteto Fantástico” é que suas qualidades ficam à sombra de seus erros, que
depõem contra o bom produto que poderia ter sido. E em seu terço final, a
narrativa se ressente dos problemas do filme, empalidecendo, cedendo à essa
pressão, e concluindo muitas cenas com artifícios que beiram o ridículo, o quê
é terrível para um filme que começa pretendendo-se realista, no nível dos
filmes de Christopher Nolan.
Outra influência que o filme parece ter é o
“Hulk” de Ang Lee: Ele, por vezes, parece desviar-se de muitas características
enraizadas dos quadrinhos (e que foram respeitadas à risca nas adaptações
anteriores feitas em 1988, por Roger Corman –e nunca lançada comercialmente –e
2005, por Tim Story), para abraçar um conceito de gênero mais específico, mais
calcado em alterações artisticamente justificáveis. Mas, o diretor Josh Trank
(do muito mediano “Poder Sem Limites”) não tem aquela profunda noção de
narrativa de Ang Lee, que permitiu a ele dar a seu “Hulk” uma atmosfera tão
pouco usual. Na verdade, não falta somente essa noção de narrativa à Trank;
falta-lhe também uma certeza do que, de fato, ele quer, qual é a direção que,
afinal, pretende dar a seu filme. É isso tudo que prejudica as coisas, e faz
com que o roteiro, o elenco, e todo o mais se perca em dado momento.
Cenas particularmente ridículas: Quando
resolvem fazer a tal viagem interdimensional, Reed Richards tem a idéia de
levar seu melhor amigo com eles, Ben Grimm, que nada mais é do que um latoeiro
trabalhando num ferro-velho. Por quê? Porque morando próximos um do outro
quando eram crianças, e ele é seu amigo! Outra: Ao fazerem a viagem (Reed, Ben,
e mais Johnny Storm e Victor Von Doom), eles esquecem (ou talvez a produção
tenha esquecido...) do outro membro do quarteto fantástico, Sue Storm, a futura
mulher-invisível; ela fica na Terra (!). Mas, como ela obtem seus poderes? Bem,
isso não é muito bem explicado pelo filme, mas parece que ela os adquire quando
a nave retorna, e emite uma espécie de explosão de energia. Mas, o mesmo
acontece em outros momentos do filme (a viagem interdimensional com essa
explosão de energia), pelo menos umas outras três vezes, e em todas elas,
outras pessoas estão ali presentes, sem que nada lhes aconteça!
Agora, eu percebo que, se for
elaborar todos os deslizes que vão se sucedendo no filme a partir de
determinado ponto, este se tornará um texto grande demais. Resumindo: “Quarteto
Fantástico” nos faz perceber que, embora façam parecer fácil, as adaptações
bem-sucedidas e bem feitas da DC Comics e, em especial, da Marvel Studios são
trabalhos feitos com cuidado e critério, que merecem nosso reconhecimento.
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