sexta-feira, 30 de outubro de 2015

La Nuit Des Étoiles Filantes

Dentre as inúmeras estripulias perpetradas por Jess Franco, este “A Virgem Entre Os Mortos Vivos” trás uma colaboração com outro diretor também ele saído das fileiras mais obscuras e profundas dos filmes de terror europeus de baixo orçamento: O ainda mais displicente Jean Rolin.
A trama urdida pela imaginação macabra e farsesca deles (Jess Franco é também creditado como roteirista ao lado de Paul D’ Ales) pega emprestado muito da premissa adotada por Roger Corman (e por ele magnificamente manipulada) em “O Castelo Assombrado”: Jovem herdeira (a bela Christina Von Blanc) vai até um castelo londrino de propriedade da família a pedido de seu pai –que mal sabe ela, já encontrou seu amargo fim –e lá descobre uma terrível maldição a pairar sobre os incautos seres que vivem naquele lugar, incapazes de viver ou de morrer, eles são criaturas assombradas.
Entre sustos, descobertas óbvias e pontuais momentos em que tira a roupa sem maiores pretextos, ela vai descobrindo assim a mirabolante e sinistra história de sua família.
É uma sucessão quase carnavalesca de personagens pretensamente macabros, mas essencialmente caricatos, frutos do estilo naturalmente desleixado de ambos os realizadores: O caquético Tio Howard (Howard Vernon, figurinha fácil nos trabalhos de Franco), a estranha prima Carmencé (Britt Nichols, ainda sim tentadora), a cheia de ambigüidades madrasta Herminia (Anne Libert), as enigmáticas Tia Abgail (Rosa Palomar) e a Garota Cega (Linda Hastreiter, que não foi creditada no filme!).
E Jess Franco é hábil em sugerir que tais personagens são peças de um quebra-cabeças que ele compõe ao longo de seu rocambolesco roteiro, entretanto, nada mais terminam sendo senão justificativas ambulantes para suas inevitáveis contrações de estilo (cenas sangrentas e de natureza clichê repetidas compulsivamente, nudez gratuita, subterfúgios de roteiro sem profundidade e sem esclarecimento satisfatório, e muito clima para pouco conteúdo).
Há que se reconhecer que o estilo de Franco –mais confortável com o despojamento da ambientação, e carregado de um ritmo quase jazzístico –se mostra mais proeminente do que o estilo de Jean Rolin –mais notado em sua tendência para a iluminação estourada, sobretudo nas cenas externas.
Como o título nacional deixa bem claro –e, por isso, evitei em utilizá-lo –o teor do trabalho realizado por eles é deliberadamente apelativo.
Não dava para esperar nada diferente...

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