Dentre as inúmeras estripulias perpetradas por
Jess Franco, este “A Virgem Entre Os Mortos Vivos” trás uma colaboração com
outro diretor também ele saído das fileiras mais obscuras e profundas dos
filmes de terror europeus de baixo orçamento: O ainda mais displicente Jean
Rolin.
A trama urdida pela imaginação macabra e
farsesca deles (Jess Franco é também creditado como roteirista ao lado de Paul
D’ Ales) pega emprestado muito da premissa adotada por Roger Corman (e por ele
magnificamente manipulada) em “O Castelo Assombrado”: Jovem herdeira (a bela
Christina Von Blanc) vai até um castelo londrino de propriedade da família a
pedido de seu pai –que mal sabe ela, já encontrou seu amargo fim –e lá descobre
uma terrível maldição a pairar sobre os incautos seres que vivem naquele lugar,
incapazes de viver ou de morrer, eles são criaturas assombradas.
Entre sustos, descobertas óbvias e pontuais
momentos em que tira a roupa sem maiores pretextos, ela vai descobrindo assim a
mirabolante e sinistra história de sua família.
É uma sucessão quase carnavalesca de
personagens pretensamente macabros, mas essencialmente caricatos, frutos do
estilo naturalmente desleixado de ambos os realizadores: O caquético Tio Howard
(Howard Vernon, figurinha fácil nos trabalhos de Franco), a estranha prima
Carmencé (Britt Nichols, ainda sim tentadora), a cheia de ambigüidades madrasta
Herminia (Anne Libert), as enigmáticas Tia Abgail (Rosa Palomar) e a Garota
Cega (Linda Hastreiter, que não foi creditada no filme!).
E Jess Franco é hábil em sugerir que tais
personagens são peças de um quebra-cabeças que ele compõe ao longo de seu
rocambolesco roteiro, entretanto, nada mais terminam sendo senão justificativas
ambulantes para suas inevitáveis contrações de estilo (cenas sangrentas e de
natureza clichê repetidas compulsivamente, nudez gratuita, subterfúgios de
roteiro sem profundidade e sem esclarecimento satisfatório, e muito clima para
pouco conteúdo).
Há que se reconhecer que o estilo de Franco –mais
confortável com o despojamento da ambientação, e carregado de um ritmo quase
jazzístico –se mostra mais proeminente do que o estilo de Jean Rolin –mais notado
em sua tendência para a iluminação estourada, sobretudo nas cenas externas.
Como o título nacional deixa bem claro –e, por
isso, evitei em utilizá-lo –o teor do trabalho realizado por eles é
deliberadamente apelativo.
Não dava para esperar nada
diferente...
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