sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O Declínio do Império Americano / As Invasões Bárbaras

Grupo de homens discute sobre sexo e relacionamentos em meio aos preparativos do que parece ser um jantar, enquanto que paralelamente, outro grupo, desta vez composto por mulheres, durante uma discussão parecida fala da hipocrisia dos homens enquanto também elas se preparam para algo. 
Ambos os grupos reúnem pessoas acadêmicas e intelectuais, e suas opiniões acerca dos relacionamentos modernos são quase sempre acompanhadas de analogias, às vezes até políticas. 
Quando os dois grupos se encontram, o resultado é devastador. O diretor Denis Arcand caiu nas graças da crítica em meio à década de 1980 devido a este compêndio curioso de pensamentos correntes e observações da civilização moderna, embora seu texto por vezes se torne complexo e ambicioso demais, e no fim das contas, enfadonho.
O segundo filme (de 2003) concentra-se um pouco mais na figura de Remy, outrora um respeitado e boêmio professor canadense, mas que está morrendo. Ele deve passar seus últimos dias no leito de hospital. Entretanto, seu filho, a despeito da relação tumultuada que têm, pretende reuní-lo com seus grandes amigos uma última vez, e valer-se de seus recursos para estender um pouco mais seus dias de vida. 
A continuação de "O Declínio do Império Americano", mostra a agridoce e nostálgica reunião dos mesmos personagens vinte anos depois. Melhorado em termos narrativos, é mais palatável do que "Declínio" por trazer uma discussão mais mundana em termos de sonhos, realização e vida do que o complexo debate existencial e político do filme anterior. 
Talvez essa busca por uma visão mais descontraída da vida (ou daquilo que dela foi vivido), visível nos diálogos entre os personagens, possa ter influenciado também o próprio Denis Arcand, que terminou fazendo deste um filme de emoções mais acessíveis e universais. 
Eu aplaudo este resultado que merecidamente ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

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