sábado, 31 de outubro de 2015

Encontros e Desencontros

É hora de falar de um dos filmes que me são mais preciosos. 
Quando descobri “Lost In Translation” lá num longínquo 2003 (estou ficando velho!), ele era saudado por muitos como uma espécie de revelação de Sofia Coppola. A filha de Francis Ford já havia mostrado algum traquejo para o drama no comiserativo “As Virgens Suicidas”. Mas foi com “Lost In Translation” que ela enfim mostrou a que veio. Não à toa, é até hoje seu melhor trabalho. 
Ele pode inclusive ser encarado como uma revelação não apenas de Sofia, mas também de Bill Murray que, a partir da indicação ao Oscar de Melhor Ator obtida com este filme adquiriu um status de lenda cult do qual ele se beneficia até hoje (e ele realmente está inigualável neste filme! Mas vale lembrar que Bill Murray já havia mostrado que era capaz de ser muito mais que um ótimo comediante no sensacional “Rushmore” de Wes Anderson, alguns anos antes), como também revelou, de fato, a estrela Scarlet Johansson, também ela maravilhosa neste filme, e que depois deste papel multiplicou-se em inúmeros outros filmes, ainda que este continue sendo, provavelmente a melhor atuação dela (atualmente, o púbico a relaciona apenas com a personagem da Viúva Negra nos filmes dos “Vingadores”, embora ela seja capaz de muito mais). 
Mas, vamos falar de “Lost In Translation”: O veterano ator Bob Harris viaja ao Japão, para participar de um comercial de uísque. A jovem Charlote também viaja para lá, fazendo companhia ao marido, fotógrafo. Hospedados no mesmo hotel, Bob e Charlote logo percebem que tem em comum as horas de tédio e a sensação desagradável de não pertencer àquele lugar. Por conta disso, os dois construirão um vínculo e uma cumplicidade únicos. Um amor puro e essencial. 
Os filmes mais difíceis para comentar, normalmente são aqueles que mais gostamos: Na ânsia de fazer jus àquela obra que tanto nos cativou, e de passar a emoção ímpar que acabou nos provocando, ficamos literalmente sem palavras. 
É mais ou menos assim a minha relação com este filme. Posso dizer que este é um daqueles momentos raros do cinema em que uma convergência de fatores faz tudo funcionar (da brilhante fotografia de Lance Acord, passando pelo elenco, o roteiro, a direção segura de Sofia); ou que a trilha sonora é de um preciosismo único, onde a música parece surgir em cena como se fosse um resíduo do próprio silêncio. 
Mas nada disso seria o bastante para expressar o fascínio que este filme me desperta a cada vez que eu o revejo. Tudo que posso fazer, portanto, é apenas recomendar que o assistam.

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