segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Cold Mountain

Talvez o maior problema deste trabalho do habilidoso Anthony Minghella (vencedor do Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor por "O Paciente Inglês") seja o aspecto evidente de fórmula elaborada para vencer o Oscar com a qual o produtor Harvey Weinstein constrói muitas das obras sob sua supervisão. Nesse sentido, há uma névoa de superficialidade incômoda a pairar sobre a trama de "Cold Mountain" que, a partir do livro de Charles Frazier, transpõe a saga de Ulisses, "A Odisséia", para o contexto norte-americano da Guerra de Secessão –num recurso que lembra a iniciativa dos Irmãos Coen em “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?”, mas com resutados completamente diferentes, quase opostos.
O jovem apaixonado Inman Balis (Jude Law, revelado por Minghella em “O Talentoso Ripley”, reeditando a colaboração com bons resultados) vai cumprir seu dever defendendo o Sul do país nas trincheiras contra o Norte, enquanto deixa Ada Monroe (Nicole Kidman, no auge da beleza), a mulher que ama, o esperando. Ele sobrevive a uma sangrenta batalha em campo aberto, e decide voltar para ela, fugindo como desertor.
Sua viagem de volta é longa e penosa, enfrentando diversas adversidades e personagens inusitados que vão surgindo em seu caminho –e que resultam num desfile de nomes ilustres escolhidos a dedo para as participações especiais, incluindo Natalie Portman, Phillip Seymour Hoffman, Charlie Hunnam, Jack White, Giovanni Ribisi, Ray Winstone, Brendan Gleeson, Cilliam Murphy e muitos outros. Além da personagem rouba-cenas de Renée Zellwegger, um dos poucos quesitos genuinamente interessantes do filme (ela venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2004).
O diretor Minghella, talvez empolgado pelo elitismo do material, carrega nos elementos trágicos e dramáticos da história, o que faz dele um espetáculo demasiado difícil para espectadores que esperam mero entretenimento.

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