segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A Bússola de Ouro

Embevecida com o sucesso de público e crítica da Trilogia "Senhor dos Anéis", o estúdio New Line (que a produziu em conjunto com a Warner) buscou se consolidar como um criador de franquias extraídas da literatura começando por esta um tanto quanto ambiciosa adaptação da obra de fantasia infanto-juvenil de Philip Pullman.
Num mundo paralelo ao nosso, em que a alma das pessoas anda ao seu lado na forma de animais aleatórios, uma garotinha defronta-se com a oposição de um regime ditatorial que aprisiona crianças e que pode ter relação com sua mãe, que ela nem conhecia. Muitos estão atrás de uma bússola que tudo pode revelar e que, por motivos misteriosos, foi parar em suas mãos.
O diretor Chris Weitz (indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por "Um Grande Garoto") dedica-se de maneira comovente ao tratamento das cenas, e o trabalho da menina Dakota Blue Richards é admirável, assim como a presença poderosa de Nicole Kidman. Mas, os grandes problemas do filme são estruturais: O roteiro falha em compreender a dinâmica desigual da narrativa, mantendo do livro o básico enfadonho e desperdiçando muito de sua singularidade.
Acaba que, por conta disso, o filme peca por jamais conseguir capturar o interesse do espectador, e nunca deixar claro os propósitos da história, nem dos personagens. O público identificou de imediato essas fragilidades e não aprovou a obra que terminou com bilheterias irrisórias, podando os planos para novos filmes. Esse desempenho frouxo junto ao público não pareceu incomodar a Academia de Artes Cinematográficas que preferiu dar ao filme o Oscar de Melhores Efeitos Visuais, ao invés de premiar o sucesso “Transformers”.
Eu me recordo que mencionei, na resenha de “Maze Runner”, que essa era uma saga ameaçada a nunca terminar. Na realidade, é “A Bússola de Ouro”, cuja história é iniciada e esboçada neste primeiro filme que se encerra num ponto de indecisão e de inconclusão, que pode ser considerada como a saga cinematográfica que jamais se concluirá.

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