Embevecida com o sucesso de público e crítica
da Trilogia "Senhor dos Anéis", o estúdio New Line (que a produziu em
conjunto com a Warner) buscou se consolidar como um criador de franquias
extraídas da literatura começando por esta um tanto quanto ambiciosa adaptação
da obra de fantasia infanto-juvenil de Philip Pullman.
Num mundo paralelo ao nosso, em que a alma das
pessoas anda ao seu lado na forma de animais aleatórios, uma garotinha
defronta-se com a oposição de um regime ditatorial que aprisiona crianças e que
pode ter relação com sua mãe, que ela nem conhecia. Muitos estão atrás de uma
bússola que tudo pode revelar e que, por motivos misteriosos, foi parar em suas
mãos.
O diretor Chris Weitz (indicado ao Oscar de
Melhor Roteiro Adaptado por "Um Grande Garoto") dedica-se de maneira
comovente ao tratamento das cenas, e o trabalho da menina Dakota Blue Richards
é admirável, assim como a presença poderosa de Nicole Kidman. Mas, os grandes
problemas do filme são estruturais: O roteiro falha em compreender a dinâmica
desigual da narrativa, mantendo do livro o básico enfadonho e desperdiçando
muito de sua singularidade.
Acaba que, por conta disso, o filme peca por
jamais conseguir capturar o interesse do espectador, e nunca deixar claro os
propósitos da história, nem dos personagens. O público identificou de imediato
essas fragilidades e não aprovou a obra que terminou com bilheterias
irrisórias, podando os planos para novos filmes. Esse desempenho frouxo junto
ao público não pareceu incomodar a Academia de Artes Cinematográficas que
preferiu dar ao filme o Oscar de Melhores Efeitos Visuais, ao invés de premiar
o sucesso “Transformers”.
Eu me recordo que
mencionei, na resenha de “Maze Runner”, que essa era uma saga ameaçada a nunca terminar.
Na realidade, é “A Bússola de Ouro”, cuja história é iniciada e esboçada neste
primeiro filme que se encerra num ponto de indecisão e de inconclusão, que pode
ser considerada como a saga cinematográfica que jamais se concluirá.
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