Um dos referenciais da carreira do genial Satoshi
Kon (um animador com técnica e habilidade de cineasta de filmes live-action) e
também da própria concepção adulta de animações japonesas, este arrojado
"Perfect Blue" não foi lançado no Ocidente inclusive porque o diretor
Daren Aranofsky comprou os direitos de sua distribuição para então valer-se de
seu amontoado absurdamente genial de ideias para compor muitos dos mais
exuberantes títulos de sua filmografia: É possível enxergar influências
fortíssimas de "Perfect Blue" em "Requiem Para Um Sonho" e,
mais explicitamente, "Cisne Negro".
Integrante de um aclamado e popular conjunto de
pop-rock, jovem estrela decide abandonar o grupo pelo qual é conhecida, para
tentar uma espécie de carreira artística solo, o quê inclui uma tentativa mal
sucedida de emplacar como atriz, e o início de uma possível decadência
profissional.
Sua trajetória, ao mesmo tempo em que é
mostrada de maneira notadamente subjetiva é também ocasionalmente assistida do
ponto de vista de um fã de tendências, no mínimo, obsessivas, cujas atitudes
podem sair do controle.
Gradativamente, sua história torna-se
mais sórdida, mais cruel, mais nebulosa, e mais enigmática, levantando questões
perturbadoras sobre o limite real da lucidez e da insanidade.
Esta brilhante animação do mestre Satoshi
Kon, não é nem um pouco recomendável para crianças.
Sua narrativa, tão tensa
quanto surreal, é de um brilho que chega a eclipsar muitos filmes adultos de
suspense ocidentais, e seu desfecho misterioso, não só modifica muito da
percepção que tínhamos de tudo que estávamos assistindo, como também faz com
que a história fique em nossa cabeça por dias a fio.
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