Chega a soar como um retrocesso mais um drama
ao estilo convencional sobre a luta pelos direitos civis depois do vigoroso,
sarcástico e brilhante "Django Livre" de Quentin Tarantino.
Mas, "Selma" é tão bem-feito,
pungente e emocionante que não tem como negar sua relevância.
Dirigido com exaltação primorosamente modulada por Ava DuVernay e produzido por Oprah Winfrey (que atua numa ponta toda especial), "Selma" conta um episódio específico
da trajetória do grande Martin Luther King (grande atuação de David Oyelowo, de "Histórias Cruzadas").
Na década de 1960, embora já tivessem seu
direito de votar assegurado por lei, os negros eram impedidos pelos delegados
das seções eleitorais, ainda dispostos a fazer valer a segregação, criando todo o tipo de empecilho burocrático para viabilizar os títulos de eleitores às pessoas de cor.
A fim de pressionar o
presidente Lyndon Johnson a aprovar uma lei que obrigasse os cartórios
eleitorais a cumprir a legislação, Luther King monta uma marcha civil, essencialmente pacífica, que partia da cidade de Selma até o condado do
Alabama, percorrendo 80 km de rodovia, tornando-se assim a maior marcha de
protesto público da história.São os percalços desse feito que o filme registra com incontida emoção, dosando de maneira competente os tortuosos detalhes políticos que compõem intrinsecamente sua premissa (e que não podiam ser deixados de lado por isso mesmo), e intercalando com habilidade a persona pública de Martin Luther King com detalhes pertinentes de sua vida pessoal sem nunca cair na armadilha de fazer desta uma biografia.
A poderosa música "Glory" conquistou também o Oscar de Melhor Canção Original.
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