Doze anos da vida do pequeno Mason (Ellar Coltrane), desde sua
tenra infância até os vinte e poucos anos, quando inicia sua vida adulta,
passando assim pela convivência esporádica com o pai (Ethan Hawke, ótimo); os diferentes e
tumultuados relacionamentos experimentados por sua mãe (a maravilhosa Patricia Arquette); a relação com a irmã e
as inúmeras fases da vida: A indecisão da adolescência, a descoberta do
interesse por garotas e as transformações de seu próprio tempo.
De natureza intimista, o diretor Richard
Linklater sempre buscou com seus projetos uma forma de registrar, para fins
emocionais, a passagem do tempo: desse anseio, surgiram obras como
"Jovens, Loucos e Rebeldes", "Suburbia" e a Trilogia
"Antes do Amanhecer".
Entretanto, o projeto que melhor captura esse
objetivo é certamente "Boyhood" no qual ele assumiu um compromisso,
dividido com o elenco e a equipe técnica, de filmar um mesmo roteiro ao longo
de doze anos.
O filme que disso resultou certamente não era o que Linklater planejava desde o começo (e nem seria de todo interessante se fosse...), até porque sabe-se de algumas mudanças imprevistas ocorridas com o roteiro (a maioria delas dizem respeito à personagem vivida por Lorelei Linklater, filha do diretor, que desistiu do projeto após alguns anos, mas voltou atrás de tornou a fazer cenas com sua personagem, modificando a premissa original do filme), como todos os grandes diretores, Linklater foi hábil aqui em permitir que os acasos que se acumularam ao longo do tempo moldassem sua obra, dando muito da imprevisibilidade orgânica da vida.
O que se vê na tela, assim,
não é o tempo passando de maneira narrativamente imposta, mas com uma
naturalidade que espanta e fascina: sobretudo ao observar o jovem Ellar
Coltrane que literalmente cresce diante da câmera.
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