terça-feira, 17 de novembro de 2015

A Outra História Americana

O ator Edward Norton sempre foi o tipo de intérprete que faz a diferença nos filmes de que participa. 
Os roteiros que recebem sua atenção, não raro, resultam em obras que deixam o expectador com os nervos à flor da pele. Gosto particularmente dos primeiros de sua carreira na segunda metade dos anos 1990: “Cartas Na Mesa”, “As Duas Faces de Um Crime” ou mesmo o fundamental “Clube da Luta” (outro, de uma fase mais recente é o tenso e visceral “Vale Proibido”). 
“A Outra História Americana” é o seu trabalho mais emblemático, seja por sua exuberância como ator, seja pelo modo como ele costuma interferir nos bastidores de um filme: Muitos são aqueles que afirmam que esta é menos a visão do diretor Tony Kaye, e mais a visão do próprio Norton sobre a história de um skinhead arrependido e sua ressonância moral, demonstrando a presente atuação dele, não só como protagonista, mas determinando o resultado final do roteiro, da montagem, e por conseqüência, do filme. 
Ele é Derek, um jovem neo-nazista cujas escolhas de vida foram caras à sua família. Ao expressar sua raiva, quase que o tempo todo, ele termina cometendo um brutal assassinato, e vai para a cadeia onde tem experiências infernais. O verdadeiro drama, contudo, o aguardava do lado de fora: Ao sair, anos depois, redimido e recuperado, ele encontra seu irmão mais novo, seguindo os mesmos passos que ele. 
Não fica a menor dúvida para quem assiste à este filme: Edward Norton é o sol de onde a narrativa tira calor. E ele faz jus à essas sustentação: Consegue ser hipnótico nos rompantes quase assustadores de fúria, profundo nos momentos intimistas, e termina desconstruindo com minúcia magistral esse mesmo personagem, ao nos conduzir em sua jornada de transformação. 
Mais impressionante ainda, é perceber, durante todo esse processo, o quanto Norton é jovem. 
Tudo o mais fica em segundo plano no filme, e essa afirmação é usada por muitos como um dos pontos fracos da produção: A de que seu ator principal é muito melhor do quê todo o filme; Pura implicância: o trabalho de Tony Kaye, se não é primordial, é correto, deixando que seu elenco brilhe à vontade (e temos, além de Norton, um bom Edward Furlong; uma bela e sensível Beverly D’Angelo; um assustador Stacey Keach, além das boas presenças de Elliot Gould e Fairuza Balk), a trama é envolvente do início ao fim, montada com precisão e audácia (suas idas e vindas no tempo são hipnóticas), e o final... bem, o final é um dos momentos mais inesperados e desconcertantes do filme, do qual cada um deve tirar suas próprias conclusões em seus devidos termos. 
Uma coisa porém é certa: Dificilmente saímos indiferentes à jornada de Derek.

Nenhum comentário:

Postar um comentário