O ator Edward Norton sempre foi o tipo de intérprete
que faz a diferença nos filmes de que participa.
Os roteiros que recebem sua atenção, não raro,
resultam em obras que deixam o expectador com os nervos à flor da pele. Gosto
particularmente dos primeiros de sua carreira na segunda metade dos anos 1990:
“Cartas Na Mesa”, “As Duas Faces de Um Crime” ou mesmo o fundamental “Clube da
Luta” (outro, de uma fase mais recente é o tenso e visceral “Vale
Proibido”).
“A Outra História Americana” é o seu trabalho
mais emblemático, seja por sua exuberância como ator, seja pelo modo como ele
costuma interferir nos bastidores de um filme: Muitos são aqueles que afirmam
que esta é menos a visão do diretor Tony Kaye, e mais a visão do próprio Norton
sobre a história de um skinhead arrependido e sua ressonância moral,
demonstrando a presente atuação dele, não só como protagonista, mas
determinando o resultado final do roteiro, da montagem, e por conseqüência, do
filme.
Ele é Derek, um jovem neo-nazista cujas
escolhas de vida foram caras à sua família. Ao expressar sua raiva, quase que o
tempo todo, ele termina cometendo um brutal assassinato, e vai para a cadeia
onde tem experiências infernais. O verdadeiro drama, contudo, o aguardava do
lado de fora: Ao sair, anos depois, redimido e recuperado, ele encontra seu
irmão mais novo, seguindo os mesmos passos que ele.
Não fica a menor dúvida para quem assiste à
este filme: Edward Norton é o sol de onde a narrativa tira calor. E ele faz jus
à essas sustentação: Consegue ser hipnótico nos rompantes quase assustadores de
fúria, profundo nos momentos intimistas, e termina desconstruindo com minúcia
magistral esse mesmo personagem, ao nos conduzir em sua jornada de
transformação.
Mais impressionante ainda, é perceber, durante
todo esse processo, o quanto Norton é jovem.
Tudo o mais fica em segundo plano no filme, e
essa afirmação é usada por muitos como um dos pontos fracos da produção: A de
que seu ator principal é muito melhor do quê todo o filme; Pura implicância: o
trabalho de Tony Kaye, se não é primordial, é correto, deixando que seu elenco
brilhe à vontade (e temos, além de Norton, um bom Edward Furlong; uma bela e
sensível Beverly D’Angelo; um assustador Stacey Keach, além das boas presenças
de Elliot Gould e Fairuza Balk), a trama é envolvente do início ao fim, montada
com precisão e audácia (suas idas e vindas no tempo são hipnóticas), e o
final... bem, o final é um dos momentos mais inesperados e desconcertantes do
filme, do qual cada um deve tirar suas próprias conclusões em seus devidos
termos.
Uma coisa porém é certa:
Dificilmente saímos indiferentes à jornada de Derek.
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