domingo, 15 de novembro de 2015

Rocky Horror Picture Show

Uma estrada deserta. Um carro com defeito. Um jovem casal perdido. E a única (e certamente suspeita) casa nas imediações. Assim começa, com os elementos perenes e paradigmáticos de um filme de terror, uma das obras mais desiguais a aportar nas salas de cinema dos anos 1970. 
E nem mesmo chega a ser um filme de terror. Descoberto por toda uma legião de fãs em sessões de cinema da madrugada (após uma catastrófica campanha onde, evidentemente, o estúdio não tinha a menor idéia do quê fazer com ele) este musical de ficção científica e terror, carregado de afetação e humor negro tornou-se um dos grandes cult movies do cinema, e não poderia ser mesmo de outra forma: Tão diferente ele é, tão incomum, e constituído de tantas características plenas de originalidades (e até mesmo corajosas) que este filme estava mesmo destinado à tornar-se objeto de adoração daqueles que conseguissem enxergar suas qualidades, suas singularidades e seus detalhes cativantes; ou mesmo, tornar-se alvo do ódio (em igual medida) dos que se sentissem ultrajados por seu despudor, sua extravagância bizarra, sua afetação irrestrita (refletidas sobretudo na atuação de Tim Curry, a um só tempo soberba, debochada e histérica), sua indecisão quase esquizofrênica de gênero e sua habilidade nata (típica dos grandes filmes) de permanecer na mente, como a poderosa experiência que é. 
Dentro da tal casa, o jovem casal perdido (a mocinha é uma Suzan Sarandon jovem e deliciosa) encontra não exatamente assassinos e maldições emblemáticos do terror, mas a mente fervilhante e cheia de segundas intenções do Dr. Frank-N-Furter, cujas experiências de cientista maluco os conduziram (e ao público) por uma noite absurda e delirante. 
Um filme que sagrou-se como um audacioso e mau-comportado representante de tudo que é diferente.

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