Uma estrada deserta. Um carro com defeito. Um
jovem casal perdido. E a única (e certamente suspeita) casa nas imediações.
Assim começa, com os elementos perenes e paradigmáticos de um filme de terror,
uma das obras mais desiguais a aportar nas salas de cinema dos anos 1970.
E nem mesmo chega a ser um filme de terror.
Descoberto por toda uma legião de fãs em sessões de cinema da madrugada (após
uma catastrófica campanha onde, evidentemente, o estúdio não tinha a menor
idéia do quê fazer com ele) este musical de ficção científica e terror,
carregado de afetação e humor negro tornou-se um dos grandes cult movies do
cinema, e não poderia ser mesmo de outra forma: Tão diferente ele é, tão
incomum, e constituído de tantas características plenas de originalidades (e
até mesmo corajosas) que este filme estava mesmo destinado à tornar-se objeto
de adoração daqueles que conseguissem enxergar suas qualidades, suas
singularidades e seus detalhes cativantes; ou mesmo, tornar-se alvo do ódio (em
igual medida) dos que se sentissem ultrajados por seu despudor, sua
extravagância bizarra, sua afetação irrestrita (refletidas sobretudo na atuação
de Tim Curry, a um só tempo soberba, debochada e histérica), sua indecisão
quase esquizofrênica de gênero e sua habilidade nata (típica dos grandes
filmes) de permanecer na mente, como a poderosa experiência que é.
Dentro da tal casa, o jovem casal perdido (a
mocinha é uma Suzan Sarandon jovem e deliciosa) encontra não exatamente
assassinos e maldições emblemáticos do terror, mas a mente fervilhante e cheia
de segundas intenções do Dr. Frank-N-Furter, cujas experiências de cientista
maluco os conduziram (e ao público) por uma noite absurda e delirante.
Um filme que sagrou-se como
um audacioso e mau-comportado representante de tudo que é diferente.
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