Dirigido por Geoff Murphy (cujos créditos incluem
a segunda unidade na trilogia "O Senhor dos Anéis"), “Terra
Tranqüila” é um estudo das conseqüências do isolamento à mente humana, tal qual
também o era “Náufrago” com Tom Hanks.
Seus primeiros 35 minutos são eufóricos,
desesperados, surreais, loucos. Refletem sobre as possibilidades inusitadas de
uma solidão infinita.
Seu argumento muito lembra o recente, e
infinitamente mais hollywoodiano, “Z for Zachariah”. Curioso notar que embora o
personagem principal também se chame Zac, este filme neo-zelandês lançado em 1985, é
baseado num livro de Craig Harrison, enquanto que “Z for Zachariah” foi, por
sua vez, inspirado num livro de Robert C. O’Brien (e que, veja só, virou um
média-metragem feito para TV em 1984, adaptado pela rede BBC), mas,
originalidades e fontes de inspirações à parte, as intenções de “Terra
Tranquila”, o filme, são mais artísticas, abstratas até.
Após o primeiro ato, no
qual o protagonista se descobre sozinho num mundo todo abandonado, com cidades,
carros, casas, apartamentos e utensílios estranhamente à sua disposição, dois
novos intrusos aparecem: primeiro a mulher, Joanne, e depois o maori Api, que
acaba tornando-se uma das pontas dessa espécie de triângulo amoroso, onde serão
investigadas as variações das relações humanas.Essa atmosfera alegórica e carregada de tonalidades intimistas lembra muito o grande trabalho de John Hillcoat, em seu fabuloso “A Estrada”.
Ambos parecem afirmar que, diante de seu amargo fim (e do mundo que concebeu para si), o ser humano já haverá de ter se perdido muito antes do que quando ele julgava ter acontecido.
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