domingo, 29 de novembro de 2015

Moonrise Kingdom

Wes Anderson é um dos muitos autores cinematográficos a dirigir especial afeto e atenção aos marginalizados e excluídos, e a um olhar que lhes atribui camadas de simpatia, compaixão e uma comovente candura. 
Em meio à tantos artistas com essa visão, é notável, portanto, que a sua seja, não raro, de um diferencial sempre flagrante, no qual seu estilo parece combinar em proporções de desigual intensidade, a observação distanciada e formal de um Stanley Kubrick, com um senso estético meio Tim Burton, meio Jean Pierre Jeneut, aliados à uma graça toda própria. 
Após verdadeiras escorregadas como “A Vida Marinha de Steve Sizou” e “Viagem À Darjeeling”, nos quais ficava perceptível um afastamento prejudicial com as convenções da narrativa que costuma acometer alguns dos mais geniais autores, Anderson voltou a falar do que realmente lhe toca o coração: A mola que impulsiona as ações de seus personagens, e as idiossincrasias de cada um, que os impele e os aproxima uns dos outros. 
Na bucólica colônia de Moonrise Kingdom, um jovenzinho escoteiro, completamente desajustado de seu grupo, combina um plano por meio do qual fugirá com a única pessoa com quem de fato se dá bem, uma garota moradora da ilha em que fazem seus acampamentos, também ela com seus problemas de convívio. Juntos, eles empreendem uma fuga que mobiliza quase todos os relapsos adultos da comunidade. 
Carregado de cores pouco usuais, enquadramentos panorâmicos e duros, e um retrato entre o cartunesco e o carinhoso de seus personagens, bem como é inerente ao seu estilo e personalidade, Wes Anderson alia seu talento na direção, o roteiro inspiradíssimo e o elenco brilhante para colocar este ao lado de seus melhores filmes, juntamente com "Rushmore-Três É Demais" e "Os Excêntricos Tennenbauns".

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