Wes Anderson é um dos muitos autores cinematográficos
a dirigir especial afeto e atenção aos marginalizados e excluídos, e a um olhar
que lhes atribui camadas de simpatia, compaixão e uma comovente candura.
Em meio à tantos artistas com essa visão, é
notável, portanto, que a sua seja, não raro, de um diferencial sempre
flagrante, no qual seu estilo parece combinar em proporções de desigual
intensidade, a observação distanciada e formal de um Stanley Kubrick, com um
senso estético meio Tim Burton, meio Jean Pierre Jeneut, aliados à uma graça
toda própria.
Após verdadeiras escorregadas como “A Vida
Marinha de Steve Sizou” e “Viagem À Darjeeling”, nos quais ficava perceptível
um afastamento prejudicial com as convenções da narrativa que costuma acometer
alguns dos mais geniais autores, Anderson voltou a falar do que realmente lhe
toca o coração: A mola que impulsiona as ações de seus personagens, e as
idiossincrasias de cada um, que os impele e os aproxima uns dos outros.
Na bucólica colônia de Moonrise Kingdom, um
jovenzinho escoteiro, completamente desajustado de seu grupo, combina um plano
por meio do qual fugirá com a única pessoa com quem de fato se dá bem, uma
garota moradora da ilha em que fazem seus acampamentos, também ela com seus
problemas de convívio. Juntos, eles empreendem uma fuga que mobiliza quase
todos os relapsos adultos da comunidade.
Carregado de cores pouco
usuais, enquadramentos panorâmicos e duros, e um retrato entre o cartunesco e o
carinhoso de seus personagens, bem como é inerente ao seu estilo e
personalidade, Wes Anderson alia seu talento na direção, o roteiro
inspiradíssimo e o elenco brilhante para colocar este ao lado de seus melhores
filmes, juntamente com "Rushmore-Três É Demais" e "Os
Excêntricos Tennenbauns".
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