sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A Fita Branca

Nada é fácil no cinema de Michael Haneke. Tudo oprime, desafia, hostiliza e dilacera. E tudo, em algum âmbito ou ângulo, serve a uma sondagem das mais sombrias facetas humanas. 
Em “A Fita Branca”, talvez o seu melhor trabalho, ele nos introduz na rotina (registrada em preto e branco) de uma aldeia alemã do início do século XX. 
Suas imagens, primorosamente fotografadas fazem lembrar (e essa é mesmo a intenção) as fotos antigas que capturavam a vida daquela época com uma atmosfera tão distinta da impressão de modernidade que temos. Mas, Haneke não nos dá sequer a tranqüilidade para nos acostumarmos: Um acidente aparentemente banal (uma queda de cavalo) segue-se à outro, e a mais outro... E todos parecem ter uma estranha relação. 
O novo e jovem professor do lugar é apenas uma das testemunhas do que vai se passar: Numa superficial e equivocada análise dos eventos, os adultos, valendo-se de um rigor extremo que caracterizava a educação da época e do lugar, infligem um sem número de castigo às crianças. 

Para Haneke, que é austríaco, a compreensão desse comportamento pode levar ao entendimento da gênese da crueldade, e do porque viria a ser justamente aquela geração –a daquelas crianças –que estariam à frente da Alemanha, quando o nazismo por fim dominou seu subconsciente coletivo.

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