quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Scarface



Toni Montana, imigrante cubano clandestinamente instalado em Miami, logo percebe que a criminalidade é a forma mais rápida de sair de seu "gueto" e enriquecer. 
Passa então a galgar os degraus da hierarquia de um gangster envolvido no tráfico de drogas da região, Frank Lopez, mas não tarda a planejar um império para si próprio. 
A refilmagem do clássico antigo de Howard Hawks, concretizada por um roteiro cheio de inteligência, minúcia e espirituosidade de Oliver Stone busca dar uma textura sócio-política e um tratamento ultrajante e sanguinolento ao material original, cortesia do diretor Brian De Palma, que aqui abandona suas referências à Hitchcook para estabelecer novas características ao seu estilo cinematográfico (a do registro pernicioso, poderoso e contundente da violência em geral e do gênero “gangster” em particular, o que ele repetiria magnificamente em “Os Intocáveis”), e do ator Al Pacino, endiabrado em seus impecáveis excessos no papel título.
Nesta obra de força insana e de inquestionável senso de observação, "Scarface" não é a "vergonha de uma nação", mas um produto (efeito colateral, dirão alguns) do próprio 'american way of life' cujos paradigmas desde sempre visaram o empreendedorismo e o crescimento social e profissional. Brian De Palma e Oliver Stone apontam, assim, a ironia implícita nesse conceito ao darem corpo a uma das grandes obras anárquicas do início dos anos 1980.

Nenhum comentário:

Postar um comentário