Alfonso Cuarón é um diretor inigualável. Um dos
mestres do nosso tempo, ao lado de David Fincher, Christopher Nolan, Daren
Aronofsky. Como eles, ele enxerga as muitas possibilidades do cinema. Arte.
Espetáculo. Fórum de discussão.
E são essas características que se refletem à
perfeição em “Filhos da Esperança”.
Cuarón nos mergulha no medo palpável e real de
um futuro em que a humanidade perdeu a capacidade de procriar. Onde, com o
passar dos anos, já não existiam mais crianças e, logo uma perspectiva
pessimista assombrava o mundo.
Clive Owen interpreta um homem às voltas com a
notícia de que o ser humano mais jovem da Terra foi assassinado em um atentado
terrorista.
Um sentimento de aflição paira no ar.
Seu reencontro com a ex-esposa (Julianne Moore)
lhe coloca em um novo caminho: Ele agora deve conduzir uma jovem que está
surpreendentemente grávida para fora do país, onde sua gestação –e iminente
nascimento da primeira criança humana em décadas –deve ocorrer sem transtornos.
O trajeto será complicado e tumultuado já que o
próprio grupo que a protege tem dissidentes que não concordam entre si.
Como diz uma das personagens: “É estranho o quê
acontece com o mundo quando não ouvimos mais as vozes das crianças.”
É realmente estranho. E, ao longo de quase duas
horas, Cuarón vai tratar de materializar este mundo, em suas minúcias
políticas, sociais, culturais e humanas. É um mundo, afinal, onde a humanidade
parou de se importar.
Sem filhos para os quais passar um legado, a
última geração da Terra emporcalha as ruas de entulho e lixo, expressam
sentimentos mesquinhos sem maiores arrependimentos, brigam e montam revoluções
por motivos banais, só para permanecer lutando. Implicam uns com os outros. Em
sua maioria, não vêem um sentido em mais nada: Arte, História, cultura, saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário