quarta-feira, 9 de março de 2016

Frozen - Uma Aventura Congelante

Brilhante animação dos estúdios Disney onde a repetição das mesmas fórmulas clássicas não impede o filme de funcionar -e muito bem- para o expectador atual, tamanho é o seu capricho e seu nível de qualidade. Todavia, existe algo mais em "Frozen" e que responde pelo quase inacreditável sucesso de público e crítica que tomou de surpresa até mesmo a própria Disney, levando-o a vencer merecidamente os Oscars 2013 de Melhor Longa Metragem de Animação e de Melhor Canção.
Quando criança, Elsa quase mata acidentalmente sua irmã Anna ao valer-se de seus poderes mágicos congelantes, o quê, nos anos seguintes, impõe a ela um pesado fardo: esconder da própria irmã e de todos os outros, os seus dons. Porém, no aniversário de 21 anos de Elsa (data também de sua coroação como rainha) seus poderes se descontrolam, mergulhando todo o reino de Arendel num frio extremo, obrigando Anna a encontrar coragem para reaver o vínculo perdido com a irmã.
Não é nem um pouco difícil de perceber que estamos aí diante de um produto com todos os elementos Disney, mas eles surgem aqui rearranjados para um novo público, para uma nova geração de crianças cujos valores sáo já diferentes dos valores daquela geração que foi no cinema assistir "Branca de Neve" (O molde com o qual todas as animações do estúdio foram comparadas desde então).
Nessa repaginação, salta aos olhos o papel distinto ocupado pelas personagens femininas. Se Anna é a típica protagonista, romântica, sonhadora e ingênua, que o público reconhece de outros trabalhos, Elsa, por sua vez, é uma desconcertante novidade. Ela não é definida pela conexão amorosa que poderia se estabelecer com um personagem masculino, ela não quer casar (e isso nem mesmo é discutido no roteiro) -numa das sacadas mais espirituosas do filme, Elsa, inclusive, chega à questionar o bom senso da irmã por querer casar com um rapaz no mesmo dia que o conheceu (e todos sabem que isso, de cair de amores por um suposto príncipe encantado sobre quem pouco se sabe, é uma característica das princesas da Disney). Não é, portanto, uma impressão vaga quando sentimos que, ao assistir "Frozen" estamos diante de algo novo.
É a Disney olhando para a própria Disney, e encontrando uma nova expressão após todos os anos que se passaram. "Frozen" é a renovação necessária de um legado que reflete, para o bem e para o mal, o subconsciente coletivo de nossa sociedade, e em última instância, os valores que passamos para nossas crianças: Fala-se aqui não só da emancipação da mulher, mas de sua plena e estável igualdade com os homens; discute-se a realidade dos conceitos arcaicos de romantismo; e acima de tudo, trata-se a felicidade -aquela coisa do final feliz! -de maneira concreta e realista.

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