É quase inacreditável a junção de filmes que
Maurizio Nichetti logrou em “Volere, Volare”. Que este seja um projeto
realizado e concretizado é, portanto, um feito igualmente inacreditável. Não á
toa, ele data do final dos anos 1980, onde audácias artísticas passavam
despercebidas.
“Volere, Volare” é sobre animação, e a
interação dessa animação com atores reais. Ao contrário de “Uma Cilada Para
Roger Rabbbit”, porém, o filme de Maurizio Nichetti (co-dirigido por Guido
Manulli) não se concentra nos detalhes físicos e táteis dessa interação, até
porque os efeitos visuais beiram o risível.
“Volere, Volare” se concentra no sexo! E ele
surge malicioso e despudorado, como jamais aconteceria numa produção americana.
Angela (a exoticamente bela e até fascinante
Angela Finocchiaro) é uma espécie de assistente social como só o cinema mais
louco e surreal é capaz de moldar: Ela presta auxílio aos tipos mais estranhos,
como por exemplo, um cozinheiro que cisma em cobri-la nua de chocolate; ou dois
irmãos gêmeos que se satisfazem em estarem na casa dela toda manhã, só para
poder vê-la caminhar em trajes sumários (ou nem isso) até o banheiro.
O próprio Maurizio Nichetti é, por sua vez, um
aplicado e tímido sonoplasta de desenhos animados que, pouco a pouco, começa
ele próprio, a se transformar em um desenho (!).
Num ritmo de comédia romântica, o filme caminha
equilibrando-se entre os encontros e desencontros dos dois, deixando claro que
apesar das situações inusitadas e cartunescas que os cercam (e, por vezes, até
os separam) eles são feitos um para o outro.
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