sexta-feira, 1 de abril de 2016

Amargo Pesadelo

Quatro amigos, homens essencialmente urbanizados, resolvem aventurar-se nas corredeiras de um rio numa aventura de fim de semana. O rio em questão será represado em alguns meses e desaparecerá, provavelmente junto com toda a comunidade que surgiu às suas margens. Ao descer seus quilômetros de corredeiras usando botes, eles encontram alguns mal-intencionados indivíduos dessa comunidade, que os confrontam com uma violência inesperada e desconcertante.
Uma das três indiscutíveis obras-primas realizadas pelo diretor John Boorman (ao lado de “Esperança e Glória” e “Excalibur”), este brilhante trabalho guarda elementos marcantes e memoráveis do início ao fim, mas é necessário chamar a atenção para o minimalismo da direção de Boorman: Abrindo mão de qualquer segmento de trilha sonora (com exceção de uma lendária cena onde ocorre um duelo de banjos), a narrativa vale-se dos silêncios e da pulsante sensação de que algo muito terrível está prestes a acontecer.
Aclamado na época (a década de 1970 foi o auge de seu estrelato) o ator Jon Voight tem um desempenho certeiro como se esperava dele, mas as surpresas são por conta do surpreendente Burt Reynolds, entregando fúria e vulnerabilidade em medidas iguais e desconcertantes, e da corajosa presença de Ned Beaty, mostrando ser mais que um alívio cômico, mas o elemento pivotal do drama que engatilha a própria tragédia.

Membro respeitável da Nova Hollywood, contribuindo com uma subversão dramática e atordoante dos conceitos de ação e suspense nesse movimento, “Amargo Pesadelo” triunfa como uma grande experiência cinematográfica.

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