Quatro amigos, homens essencialmente
urbanizados, resolvem aventurar-se nas corredeiras de um rio numa aventura de
fim de semana. O rio em questão será represado em alguns meses e desaparecerá,
provavelmente junto com toda a comunidade que surgiu às suas margens. Ao descer
seus quilômetros de corredeiras usando botes, eles encontram alguns
mal-intencionados indivíduos dessa comunidade, que os confrontam com uma
violência inesperada e desconcertante.
Uma das três indiscutíveis obras-primas
realizadas pelo diretor John Boorman (ao lado de “Esperança e Glória” e
“Excalibur”), este brilhante trabalho guarda elementos marcantes e memoráveis do
início ao fim, mas é necessário chamar a atenção para o minimalismo da direção
de Boorman: Abrindo mão de qualquer segmento de trilha sonora (com exceção de
uma lendária cena onde ocorre um duelo de banjos), a narrativa vale-se dos
silêncios e da pulsante sensação de que algo muito terrível está prestes a
acontecer.
Aclamado na época (a década de 1970 foi o auge
de seu estrelato) o ator Jon Voight tem um desempenho certeiro como se esperava
dele, mas as surpresas são por conta do surpreendente Burt Reynolds, entregando
fúria e vulnerabilidade em medidas iguais e desconcertantes, e da corajosa
presença de Ned Beaty, mostrando ser mais que um alívio cômico, mas o elemento
pivotal do drama que engatilha a própria tragédia.
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