sexta-feira, 1 de abril de 2016

Disfarce Cruel

Quem viu o falecido ator Bob Hoskin em filmes como o já clássico “Uma Cilada Pra Roger Rabbit” não poderia imaginar as inclinações bizarras, fantasiosas e pouco usuais de sua incomum, e em muitos momentos até perturbadora, estréia na direção, datada de 1988.
E cabe aqui um comentário: Como é difícil encontrar imagens ou qualquer informação sobre esse filme na internet! É como se o mundo tivesse esquecido dele!
“Disfarce Cruel” acompanha um jovem soldado europeu (o exótico, porém, simpático Dexter Fletcher, que muitos anos depois estaria em “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”) que luta uma guerra nunca de fato explicada nem contextualizada. Logo no início do filme, ele se torna um desertor e passa a fugir pelos campos infindáveis que vê pela frente. Em algum momento dessa fuga, ele assume a identidade de uma mulher louca e nessa condição é adotado por um grupo de ciganos que fogem, eles próprios, no violento preconceito alheio. Eles julgam ser ele capaz de fazer premonições, e a partir de algum momento, ele adquire de fato esse dom. Porém, a sua paixão pela jovem filha do líder do grupo colocará tudo a perder.
Não há dúvida que Hoskin abraça a estranheza nesse seu ousado trabalho não só na direção como na roteiro, mas se esse aspecto flertar perigosamente com a possibilidade de tornar o filme ruim, ele também lhe confere uma atmosfera poética e desigual.

Ao menos coragem não faltou a Hoskin, nesta sua incursão em um tipo audaz de cinema, fatalista, melancólico, místico, violento, trágico e impactante. Palmas por fazer a diferença!

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