domingo, 3 de abril de 2016

Barbarella

O culto ao filme –que só cresceu nas últimas cinco décadas –ajudou a dar uma aura mítica, e a desenvolver lendas que no filme em si não chegam a concretizar-se: A mais perene delas, certamente, com relação a nudez de sua atriz principal, a linda, irresistível e maliciosamente ingênua Jane Fonda. Ao contrário do que se imagina –e até mesmo do que é sugerido em cena –ela jamais fica nua de fato, exceto por ombros e costas nuas nos momentos mais expressivos (como a foto acima). Na verdade, a sequencia inicial (no qual os créditos aparecem providencialmente para cobrir sua nudez em meio à um strip-tease) é, talvez, a grande responsável por esse folclore, e permanece até hoje como o momento mais memorável do filme.
A belíssima Barbarella é um misto de astronauta e agente secreto no espaço, suas aventuras universo afora a levam para um planeta longínquo, onde deve capturar o maligno Duran Duran (personagem cujo nome batizou a banda dos anos 80), que elaborou um plano infalível para dominar os oprimidos. No ano 40.000 D.C., época em que a história se passa, o ato sexual é realizado com o encontro das mãos do casal. Um dado irônico uma vez que o sexo é um elemento muito presente, catalisador inclusive do comportamento de muitos dos personagens.
O diretor Roger Vadim, fiel ao seu estilo liberal onde o erotismo era empregado como uma espécie de “fator mercadológico” naqueles curiosos anos 1960 de revoluções sexuais, e à exemplo de seu trabalho mais célebre “E Deus Criou a Mulher”, onde revelou a espevitada Brigitte Bardot, adapta aqui a famosa HQ européia, pródiga, ela própria em subterfúgios e gags de cunho sexual.

O problema é que, sendo um filme irrevogavelmente envelhecido, seja na sua estética de um futurismo "retro-cafona" seja na maliciosa ingenuidade com que é tratada esta história absolutamente nonsense, ele parece estranhamente ingênuo para os padrões de hoje, onde uma mulher com um celular na mão é capaz de tirar fotos de si mesma (e ainda postar na internet!) infinitamente mais eróticas do que toda a produção. E a despeito da discussão acerca do que é ou não vulgar vale sempre lembrar que era esse, e talvez até hoje ainda seja, o apelo do filme: O atrevimento de expor anseios sexuais em uma produção com cara de filme de Hollywood (e a presença de Jane Fonda potencializava isso) de forma deslavada. Por isso que seu grande feito é ter revelado mesmo o símbolo sexual Jane Fonda, que mesmo hoje ainda é capaz de atiçar os espectadores, sobretudo na famosa cena inicial. Uma cena que sobrevive ao resto de todo o filme.

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