Provavelmente um dos filmes menos assistidos da
História da Humanidade (eu mesmo nunca conversei com ninguém que tenha
visto...) é, curiosamente, um dos que deu uma indicação ao Oscar para o saudoso
Peter O’ Toole (até hoje ele detêm o recorde de ator mais indicado sem nunca
ter ganhado um prêmio na categoria).
E a interpretação de O’ Toole é mesmo um
achado: Dá dimensão e humanidade à um personagem que representa uma armadilha
para qualquer ator: Um hippie com muitos parafusos soltos na cabeça, que
acredita ser Jesus Cristo, mas na realidade é herdeiro de uma grande fortuna.
Rastreado e encontrado pelos abutres de
costume, ele é submetido a uma série de tratamentos, ora frustrantes, ora
danosos, para deixá-lo “normal” ou, senão, mais próximo da capacidade de fingir
alguma normalidade.
O problema é que, no início, ainda que maluco,
ele era inofensivo, e essas intervenções acabam transformando-o numa espécie de
psicopata, ou seja, em prol da ganância, um indivíduo de boas intenções é
substituído por alguém maligno que infelizmente se encaixa muito melhor à nossa
sociedade.
A progressão com a qual O’ Toole registra essa
transformação é dotada de detalhismo e impacto, responsáveis, certamente pela
sua lembrança no Oscar. Não é só: O diretor Peter Medak conduz a trama,
desigual por si só, sem jamais atrelá-la à uma definição clara, indo da comédia
ao drama, do musical ao suspense, da galhofa à seriedade sem maiores
subterfúgios, deixando uma sensação estranha e desconcertante no expectador.
Como testemunhas da
trajetória imprevisível de um personagem para longe de si mesmo, “A Classe
Dominante” nos tira de qualquer zona de conforto.
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