sexta-feira, 17 de junho de 2016

Todo Mundo Quase Morto

Há hoje uma defasagem brutal que acomete o sub-gênero dos filmes de zumbi. Existem tantos à disposição no circuito que parece enfadonha a tarefa de encarar a todos. Isso e mais a onipresença da série de TV “The Walking Dead”, hoje uma das mais forte referências para esses exemplares.
Houve um tempo, contudo, que não era assim. E o diretor inglês Edgar Wright foi sagaz ao realizar, por volta de 2004, este brilhante “Todo Mundo Quase Morto”, em parceria com os atores Simon Pegg e Nick Frost (parceria esta que se repetiria em outros bons filmes).
Aqui, Wright honrou os filmes de zumbi ressaltando tudo o quê neles tinha mérito, mesmo que esta fosse, no fim das contas, uma sátira: O sub-gênero (e sua importância sócio-cultural) são analisados e desconstruídos com inteligência e minúcia, fazendo lembrar os bons tempos de George Romero e seu ainda inovador “Despertar dos Mortos”.
O sempre ótimo Simon Pegg é Shaun, um inglês suburbano de classe media-baixa que está na pior: Levou um fora da namorada que o considera imaturo demais, sua mãe reclama da ausência do filho, e seu padrasto o cobra por isso, seu emprego é uma porcaria, e seu companheiro de aluguel lhe deu um ultimato, pois não aguenta mais os modos grosseiros do melhor amigo de Shaun (Nick Frost), um verdadeiro porcalhão.
Tudo isso acontece exatamente quando o mundo é assolado por uma epidemia de mortos-vivos que atacam as pessoas. Mas, como em todos os demais problemas de sua vida, Shaun não consegue sair da inércia; ele mal se dá conta da gravidade da situação, indo à uma lojinha de conveniência e passando completamente despercebido (e sem percebê-los!) pelos mortos-vivos! Entretanto, é justamente Shaun quem se vê transformado em líder do pequeno grupo de sobrevivência que eles formam.

Um daqueles raríssimos casos em que a sátira acaba rendendo um trabalho digno de ser considerado um dos melhores do próprio gênero que ele quer parodiar.

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