sexta-feira, 17 de junho de 2016

O Despertar de Uma Mulher Apaixonada

Alguns diretores não se prendem a gêneros. Veja Ken Russell, por exemplo. O inquieto realizador inglês nunca conseguiu se deter num único gênero, ao contrário de mestres como Alfred Hitchcook ou John Ford que se tornaram, eles próprios, a referência dos gêneros que adotaram.
Russell fazia mais o gênero de Stanley Kubrick: Cada filme seu era de um contraste tão brutal em tema, atmosfera e ambientação ao seu filme anterior, que soava quase como uma contradição. Ou um gesto de rebeldia.
É provável que o gênio criativo de Russell fosse indomável demais para se prender à uma categoria específica; e em sua filmografia, tudo depõe a favor dessa conclusão.
“O Despertar de Uma Mulher Apaixonada” (título nacional pouco explicativo e pouco inspirado para “The Rainbow”) é uma adaptação raivosa de D.H. Lawrence –o tipo de autor clássico que sempre interessou muito à Ken Russel –onde o diretor aplica suas ousadias de forma requintada e subliminar na história enganosamente simples de uma adolescente às voltas com o conceito restrito da imagem da mulher na Inglaterra do fim do século XIX.
O tempo todo, sem que seja possível notar com mais ênfase, Russell está instigando, sugerindo, observando algo que não estaria necessariamente enfocado pela câmera, ou no centro do enquadramento.
Está bem! Algumas coisas têm mais ênfase, sim: Não tarda muito para a jovem protagonista Ursula (a inglesinha Sammi Davis que fez a divertida irmã mais velha do garotinho de “Esperança e Glória”) ceder à sedução de sua professora de natação (Amanda Donohoe, ambas, aliás, tornaram a trabalhar com Russell em “A Maldição da Serpente”), fazendo com que a câmera do diretor aproveite para deleitar-se com as belas cenas de nudez das duas atrizes.
Logo fica claro o fascínio de Russel pelo comportamento audacioso e pouco usual da personagem principal: Após essa relação com outra mulher, ela se entregará a um soldado, antes de casar-se, numa atitude bastante alarmante para a sociedade da época.

Ainda que colhendo os frutos indesejados de seu comportamento, ela busca encontrar uma condição mais satisfatória do que aquela a qual aparentemente ela estava destinada.

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