quarta-feira, 15 de junho de 2016

O Rei Leão / Kimba - O Leão Branco

Até hoje, este retumbante e merecido sucesso de bilheteria e crítica dos estúdios Disney enfrenta certas acusações acerca da legitimidade de seu material: Muitos detratores apontam as enormes semelhanças deste desenho com a clássica série de animação japonesa de Osamu Tezuka, “Kimba-O Leão Branco”.
Não são afirmações tão infundadas assim. De fato a trama guarda enormes (e, talvez, até constrangedoras) similaridades: A começar pelo nome dos protagonistas, Kimba e Simba (vale ressaltar que, nos anos 1970, Tezuka até tentou batizar seu herói de Simba, mas foi impedido definido aos direitos de marca de um refrigerante que fazia muito sucesso na época!), além dos personagens coadjuvantes que, de um modo geral, são muito parecidos e os lances da história, resumidamente, a morte do pai do leãozinho, e seu épico retorno para o reino dos animais onde vai ocupar o lugar que é seu por direito.
São acontecimentos em comum em ambas as produções, mas cujo tratamento (e desdobramentos), bastante diferenciados, normalmente os detratores preferem esquecer.
A verdade é que “O Rei Leão” é um trabalho que certamente brilha por si só. Embora hajam, sim, elementos em comum com a obra de Tezuka (ele foi aprovado e abençoado pela viúva de Osamu Tezuka, diga-se), esta animação firma-se como uma magnífica realização e até hoje, passadas até algumas décadas, e mesmo após muitas inovações técnicas –muitas delas possíveis pela própria Disney –continua sendo um assombro para os olhos e o coração.
Acompanhamos a jornada quase shakesperiana do pequeno leãozinho Simba, que desde sempre recebeu a instrução de seu majestoso pai, Mufasa, de que a herança que lhe pertence por direito como rei dos animais trás uma responsabilidade, na qual está em jogo o equilíbrio de toda a vida. Não tarda muito, e Mufasa se torna vítima de um plano fatal, perpetrado por seu maquiavélico irmão Scar: Ele deposita a culpa da morte de Mufasa em Simba que foge por anos, deixando a selva e seus súditos aos caprichos de Scar e seus asquerosos asseclas, as hienas. Contudo, é o destino de Simba voltar, e restabelecer a ordem ao ciclo da natureza, tão preciosa à seu pai.
Já, na trama do anime de Tezuka, por sua vez, o pai de Kimba (também ele um rei) é morto por caçadores. O filhote (que como o pai pertencia à raríssima raça de leões brancos), nasce numa espécie de barco à caminho de algum zoológico, e escapa graças ao sacrifício de sua mãe e, ao longo de toda a série, recorda as orientações finais dela: Voltar para a selva e para seu reino.
Seguem-se muitas aventuras onde o leãozinho vai parar em diversas cidades até por fim regressar à África, e ao seu reino, onde duras provações se seguirão.
Uma das mais marcantes realizações da animação japonesa, “Kimba-O Leão Branco” é cultuado até hoje por muitos que assistiram quando criança a série. Pontuada por elementos incomuns mesmo nas animações atuais, “Kimba” tinha elementos fatalistas, sombrios, de cunho ecológico e social. Uma obra-prima sem igual que confirma o talento de Osamu Tezuka.
Ao contrário de “Kimba”, não há intervenções de quaisquer personagens humanos em “O Rei Leão”. Ele também não possui toda a riqueza de desdobramentos com a qual a história extremamente ampla e complexa da série se beneficia, o quê é algo perfeitamente compreensível e justificável.

O curioso mesmo é que anos depois, em 2001, a Disney realizou outro longa-metragem animado, “Atlantis-O Reino Perdido”, cujas semelhanças com outra animação japonesa, “Nadia-The Secret Of The Blue Water” eram infinitamente mais explícitas e flagrantes, e ninguém pareceu se incomodar tanto assim...

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