Tentar discorrer sobre “Donnie Darko” é um
desafio para qualquer mente sã. O filme de Richard Kelly é um conto lisérgico
sobre as armadilhas da mente e sobre as possibilidades infinitas entre a
dicotomia de realidades alternativas, além de ser uma obra que supera as
expectativas de seu próprio criador: Kelly até tentou reproduzir algo que
tivesse a mesma aura enigmática de “Donnie Darko” dirigindo e roteirizando o
bem mais endinheirado “Southland Tales-O Fim do Mundo”, com um resultado
frustrante.
Ao que parece, o culto em torno de um filme é algo sobre o qual nada nem ninguém tem exato controle; e nisso está incluída a suposta qualidade artística da obra (que neste caso aqui é estratosférica!).
Ao que parece, o culto em torno de um filme é algo sobre o qual nada nem ninguém tem exato controle; e nisso está incluída a suposta qualidade artística da obra (que neste caso aqui é estratosférica!).
O jovem Donnie Darko (o surpreendente Jake
Gyllenhaal), protagonista da história, é um sonâmbulo que tem a sorte de
escapar de ser esmagado por uma turbina de avião que cai e destrói seu quarto
(o quê hipoteticamente –na teoria de muitos expectadores –o arremessa num universo paralelo!).
A partir de então, ele passa a ter visões de um estranho e assustador coelho
que revela a quantidade de dias que faltam para o mundo se acabar (três) e lhe
instrui a cometer atos de vandalismos por toda a cidade (Seriam então as
intervenções de personagens oriundos desse universo tangente e que, ao
identificar a anomalia, o visitante –Donnie, no caso –adquirem características
sobrenaturais que serão necessárias para que o desequilíbrio seja corrigido).
Seu relacionamento com uma garota (Jena Malone)
é um dos elementos que permeiam de mistério esta trama desafiadora que leva o
espectador através de acontecimentos por vezes inexplicáveis.
Cult absoluto,
“Donnie Darko” é um filme de baixo orçamento que surgiu do nada e pegou o
público e a crítica de surpresa com uma miscelânea das mais curiosas, uma
mistura de “filme de David Lynch” (e como tal, onírico e repleto de dúvidas
insolúveis), histórias de heróis em quadrinhos (entre tantas referências, há o
nome do protagonista com iniciais que se repetem) e um clima sci-fi
estranhamente atemporal (com músicas do Tears For Fears e outras referências
aos anos 1980).
Em tempo: “Donnie Darko”
ganhou uma continuação das mais desnecessárias anos depois, “S. Darko-Um Conto
de Donnie Darko”, sem a participação de Richard Kelly e sem o ator Jake
Gyllenhaal, focada na irmã mais jovem de Donnie, Samantha, que no filme
original é pouco mais que uma figurante. Uma perda de tempo...
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